O gênio da lâmpada
Maneco Quinderé, o premiado iluminador que arrematou mais uma vez o Prêmio Shell, virou o profissional mais disputado do mercado quando o assunto é teatro, shows, restaurantes, ...
Quando percebeu que tinha talento, Maneco Quinderé, nascido Manuel Castello Branco Neto, deu seus primeiros passos rumo à carreira de iluminador de teatro e, mais tarde, de residências chiques, restaurantes badalados, desfiles de moda e o que mais precisasse de luz. Filho de um advogado e de uma atriz, ele nasceu em Teresina, Piauí. Aos sete anos, se mudou com a mãe, Fernanda Quinderé, e os quatro irmãos para Fortaleza, onde se tornou frequentador assíduo do Teatro José de Alencar, dirigido pela progenitora. Em 1978, veio com a família para o Rio. “E foi então que o teatro me escolheu”, conta Maneco. Com a ajuda do diretor teatral Domingos de Oliveira, Quinderé conseguiu um bico como contrarregra do espetáculo Barreado, em 1981. Dali a dois anos, já assinaria sua primeira iluminação, a da peça Galvez, o Imperador do Acre.
Com mais de 30 anos de carreira e colecionando inúmeros prêmios, ele domina a luz com propriedade no teatro, em espetáculos de dança, concertos e shows, tendo se tornado o queridinho de músicos como Chico Buarque, Caetano Veloso e Maria Bethânia. Ilumina também as passarelas da SPFW e do Fashion Rio e, desde 1999, bola a iluminação de residências e restaurantes. Maneco já deu luz a estabelecimentos como Gula Gula, seu primeiro trabalho no ramo gastronômico, Roberta Sudbrack, Duo, Alameda, Bar D?Hôtel e Fiammetta.
O segredo de uma boa iluminação, no caso dos restaurantes, é, em primeiro lugar, tornar a comida visível. “As pessoas bebem no escuro, mas é preciso enxergar a comida. Senão, perde o gosto. Não dizem que a gente come com os olhos?”, indaga Maneco. Justamente por isso ele detesta a iluminação de churrascarias e rodízios em geral. “São ambientes que não te aquecem, não te envolvem. A luz é muito feérica”, justifica. Outro truque está na luz quente com nuances de vermelho, mais aconchegante para as refeições. Mas cor não basta, é preciso saber posicionar a luz. Maneco prefere a iluminação indireta, nunca focada nas pessoas.
Tanto em casa quanto nos projetos residenciais e gastronômicos o expert utiliza, ainda, luminárias feitas por ele mesmo, o que o torna, mais do que iluminador, um artista. No restaurante Oro, por exemplo, as luminárias foram confeccionadas em cobre, por encomenda, remetendo ao nome do estabelecimento. “Nos restaurantes dá para brincar mais, fazer jogos de iluminação”, compara o profissional, que tem como sonho, iluminar os estádios brasileiros na Copa do Mundo e as obras olímpicas. “Acho que a abertura desses eventos deveria ter iluminação feita por brasileiros”. Fica o recado.