Quando assumiu a Secretaria Estadual de Educação, em outubro de 2010, o economista Wilson Risolia causou polêmica. Sem nunca ter exercido nenhuma função na área pedagógica, ele declarou que enxergava sua recente atribuição como um negócio. A metáfora tinha o intuito de indicar qual seria a principal marca do seu trabalho: uma gestão profissional, conduzida por um executivo que assume uma grande empresa com péssima reputação e problemas crônicos. Deu certo. O novo formato de administração levou a rede estadual de ensino a uma ascensão recorde no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb), avaliação realizada a cada dois anos pelo MEC para medir a qualidade das escolas do país. Os colégios públicos fluminenses, que na edição 2009 ficaram na 26º colocação, a segunda pior no Brasil, galgaram onze posições e chegaram ao 15º lugar. Ainda é pouco, claro, mas, sem dúvida, trata-se de um progresso. Numericamente, as notas das provas feitas pelos alunos, somadas à taxa de aprovação, registraram uma elevação média de 15%. “Na lista dos estados que mais evoluíram, ficamos em segundo lugar, perdendo apenas para Goiás”, destaca Risolia.
Os conhecimentos econômicos e das dinâmicas empresariais foram os principais aliados do secretário na tarefa de revigorar as 1?358 escolas do estado. Pesquisas, análises e métricas forneceram o diagnóstico e serviram de base para uma reformulação drástica. O novo gestor saiu à caça de desperdícios, cortou gastos com água, energia elétrica e transporte e economizou 165 milhões de reais do orçamento. Realocou esses recursos, contratando professores, investindo no aperfeiçoamento deles e intensificando as aulas extras para os alunos. Ferramentas semelhantes foram utilizadas por outra especialista em números, que desde 2009 é responsável pela educação no município. Após detectar que a matemática era a maior deficiência entre 40% dos estudantes, a secretária Claudia Costin, mestre em economia, reestruturou a rede: decretou o fim da aprovação automática e ampliou o programa de reforço em 1?072 colégios municipais. “É inadmissível que uma cidade com o pré-sal e uma demanda enorme por engenheiros formasse alunos que não conseguiam concluir operações elementares como multiplicar e dividir”, afirma Claudia.
Os índices e a realidade das salas de aula no Rio já se mostram a caminho da recuperação. Apesar disso, continuam distantes do ideal. “Sem dúvida, há mérito dos gestores nesses resultados. Mas só o tempo vai dizer se questões cruciais, como a elevada taxa de abandono, estão sendo solucionadas”, alerta Claudio Ferraz, doutor pela Universidade de Berkeley e pesquisador da PUC-Rio. Nesse sentido, o governo lançará em setembro o projeto Dupla Escola, realizado em conjunto com empresas e que oferecerá cursos profissionalizantes aos estudantes do ensino médio. A ideia é garantir que o aluno não abandone a escola para trabalhar, mas se especialize ao mesmo tempo em que estuda.