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Room office: o home office com cara de hotel está em alta no Rio

Um quarto transformado em escritório, com mesa, cadeira e internet de alta velocidade: a modalidade tem crescido como uma alternativa para o trabalho remoto

Por Renata Magalhães
Atualizado em 19 mar 2021, 09h32 - Publicado em 19 mar 2021, 06h00
Room Office
Do escritório para o hotel: serviço soma comodidades a um local tranquilo para trabalhar (./Divulgação)
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Uma das grandes transformações trazidas pelo novo coronavírus ocorreu no mundo do trabalho, que para imensa fatia da humanidade mudou de endereço: do escritório para casa. Ali, às vezes rachando um mesmo cômodo com várias pessoas — filhos, cônjuges —, as tarefas vão sendo realizadas, com direito a muita reunião via Zoom e outras plataformas on-line, e exigindo elevada capacidade de equilibrar diferentes rotinas sob um único teto. Agora, um ano de pandemia depois, uma turma está procurando alternativas para organizar o trabalho remoto — movimento que acabou por fazer surgir uma nova modalidade de serviço dentro da cena turística carioca. E ela já tem até nome: room office.

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São quartos de hotéis — ou espaços para coworking montados dentro deles — que passaram a servir como base para o batente. Moradora de Laranjeiras, a produtora de audiovisual Raissa Barreto, 36 anos, aderiu, instalando sua estação de trabalho em um hotel na Zona Portuária, a quinze minutos de carro de seu apartamento. “Conseguia me concentrar, sem me preocupar com tarefas domésticas no meio do dia”, comemora Raissa, que, em seu room office, contou com estrutura de escritório aliada às comodidades de uma boa hospedagem. Além do ganho de produtividade, a relação com os próprios familiares melhorou. “O casamento ficou uma maravilha de novo”, brinca.

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Antenados às tendências pandêmicas e cientes de que muitas empresas ainda seguem no home office, os hotéis estão adaptando seus espaços para se tornar uma opção para trabalhadores já exauridos com a rotina em casa. O pouso escolhido por Raissa foi um endereço da francesa Accor, dona de marcas como Ibis, Novotel, Pullman, Mercure, Sofitel e Fairmont. Com 29 unidades no Rio, o grupo também trouxe para essas praias, no fim de janeiro, sua grife global de coworking, a Wojo, baseada nos hotéis (onde a ocupação média tem variado entre 30% e 40%). “Foi um caminho para nos reinventarmos em meio à crise e, assim, acabamos usando espaços que estavam subaproveitados”, diz Olivier Hick, diretor de operações da Accor no Brasil. Há basicamente três alternativas na cidade para trabalhar no interior de um hotel da rede: além das suítes convertidas em escritórios, alguns instalaram uma área própria no lobby, enquanto outros operam com salas privativas para grupos de até vinte pessoas.

Estação de trabalho: no hotel Fairmont (acima), em Copacabana, parte das suítes foi remodelada como escritório -
Estação de trabalho: no hotel Fairmont (acima), em Copacabana, parte das suítes foi remodelada como escritório – (Fotos Rômulo Fialdini e Dhani Borges/Divulgação)

Qualquer que seja o formato, a internet precisa ser de altíssima velocidade para comportar as videochamadas dos hóspedes atarefados. Até spas e resorts a alguns quilômetros do Rio vêm incrementando seus serviços de banda larga e acolhendo o pessoal do home office (e a criançada do home­schooling). Com o sistema de aulas semipresenciais adotado na maioria das escolas, o Le Canton, em Teresópolis, investiu em um local para as crianças assistirem às lições on-line — e elas ainda têm a companhia de uma pedagoga. “Percebemos que era necessário nos adaptar à nova realidade e conciliar a experiência turística com o novo dia a dia das pessoas”, afirma a diretora-geral, Mônica Paixão, que aposta na permanência da tendência.

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A possibilidade de deixar um apartamento pequeno na cidade para trabalhar em meio à natureza é tão atraente que prolongou a estadia da carioca Dayane Medina, 37 anos, no spa Maria Bonita, em Nova Friburgo, por três inesquecíveis meses. “Tinha sempre uma atividade diferente que eu podia fazer nos horários livres e isso me tirava daquela rotina enclausurada dentro de casa. Conseguia trabalhar, mas também arejar um pouco a cabeça”, lembra, saudosa, a engenheira. É claro que isso requer um investimento: o valor de 28 diárias no spa da Região Serrana é de 8 000 reais por pessoa.

Segundo o Sindicato dos Meios de Hospedagem do Rio de Janeiro, a hotelaria é um dos principais pilares de desenvolvimento da cidade, movimentando, direta ou indiretamente, 500 atividades econômicas. Um mês depois da eclosão da pandemia, em março do ano passado, o índice de ocupação geral despencou de 70% para 5%, e muitos hotéis chegaram a suspender as atividades por alguns meses. Em maio, já eram cerca de noventa endereços fechados, com mais de 25% dos postos de trabalho encerrados, alguns de modo permanente.

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O prejuízo acumulado no setor durante o último ano foi de 1,6 bilhão de reais — o que evidenciou uma necessidade de reinvenção, acelerando mudanças sobre as quais já se ouvia falar, mas pareciam muito, muito distantes. Afinal, quem imaginaria levar a mesa do escritório para dentro de uma suíte de hotel? “Foi vital oferecer novos serviços para conseguir resistir em meio a todas as adversidades impostas pela pandemia, mas o Rio tem uma rede muito moderna, que ajuda nesse sentido”, avalia Alfredo Lopes, da Associação Brasileira de Hotéis no Rio.

O mundo do trabalho dificilmente será como antes. Uma pesquisa realizada pela última edição do Índice de Confiança Robert Half, divulgada em setembro do ano passado, apontou que 91% dos profissionais acreditam que o modelo híbrido permanecerá, com uma parte das tarefas sendo cumprida no escritório e a outra em casa. Ainda que o batente remoto ofereça vantagens, como a economia e o tempo de deslocamento, momentos de respiro fora do lar e de interação com os colegas são muito bem-vindos. “Ter um espaço destinado só para trabalhar ajuda na concentração das tarefas e na separação dos papéis sociais”, explica o médico Alberto José Ogata, que coordenou uma pesquisa da Fundação Getulio Vargas em parceria com o Institute of Employment Studies, do Reino Unido, sobre os impactos físicos e psicológicos do home office durante a pandemia. Parece que fazer as malas e ir para um hotel, mesmo que na esquina de casa, pode ser uma boa saída para manter o foco no trabalho e a cabeça em dia.

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Quarto sem cama

Como funciona o serviço de room office em cinco hotéis

Sheraton Grand Rio
Sheraton Grand Rio – (Karl Stanzel/Divulgação)

Sheraton Grand Rio
– São Conrado
Os quartos mobiliados como escritórios custam 199 reais, têm vista para o mar e incluem uma série de serviços: almoço, lanche, estacionamento, lavanderia, cofre e concierge.

Fairmont
– Copacabana
As espaçosas camas saíram de cena para dar lugar a mesas e cadeiras ergonômicas. Por dia, pagam-se a partir de 550 reais, mas também há pacotes semanais (3 465 reais) e mensais (12 375 reais).

Novotel Porto Atlântico
Novotel Porto Atlântico – (Léo Lemos/Divulgação)

Novotel Porto Atlântico
– Centro
As diárias de room office saem a 139 reais das 8h às 20h. Há também salas privativas para grupos, abertas 24 horas, com planos mensais a 800 reais, ou anuais a 8 600 reais. Valores por pessoa.

Grand Hyatt
– Barra
O hóspede que fica a partir de sete noites no hotel tem direito a um segundo apartamento adaptado ou a uma sala de reunião privativa, mediante pagamento de taxa extra de cerca de 100 reais por dia.

Ibis Posto 5
– Copacabana
Opção mais em conta, o room office por aqui vem abastecido com água, café e balinhas em diárias de 99 reais. No plano semanal, a suíte sai por 624 reais e, no mensal, 2 228 reais.

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