A vitória dos gêmeos Arthur e Bernardo, que nasceram ligados pela cabeça
Nove cirurgias que levaram à separação dos irmãos, de 4 anos, foram feitas no Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer; última operação durou 27 horas
Após sete cirurgias parciais e duas totais realizadas nos últimos meses, os gêmeos Arthur e Bernardo, de 4 anos, finalmente puderam se ver. Nascidos presos pela parte superior da cabeça, cada um dos meninos estava voltado para um lado. Os irmãos foram operados no Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer (IEC), no Centro do Rio. Todo o tratamento médico foi custeado pelo SUS, e o médico cirurgião inglês Owase Jeelani, referência internacional neste tipo de operação, participou dos procedimentos. A equipe do neurocirurgião brasileiro Gabriel Mufarrej, chefe de cirurgia pediátrica do IEC agora é considerada referência na América Latina para cirurgias de separação de gêmeos unidos pela cabeça, e o instituto passa a ser parceiro da Fundação Gemini Untwined, que participou da cirurgia.
+ Quase rave: Rio prevê Réveillon com 11h de festa e muita queima de fogos
A operação foi descrita por Owase Jeelani como “coisa da era espacial”. Considerado um dos processos de separação mais complexos já concluídos pela Gemini Untwined, que Jeelani fundou em 2018, pela primeira vez num procedimento do tipo os cirurgiões em países diferentes usaram fones de ouvido e operaram juntos na mesma “sala de realidade virtual“. Só a última operação exigiu mais de 27 horas de trabalho de quase 100 médicos. Os irmãos, nasceram em Roraima e foram trazidos para o Rio de Janeiro para realizar o tratamento, compartilhavam 15% de cérebro e também uma veia que conduzia o sangue de retorno ao coração dos dois.
“É simplesmente maravilhoso. É realmente ótimo ver a anatomia e fazer a cirurgia antes de realmente colocar as crianças em risco”, disse Jeelani disse à agência de notícias PA, acrescentando que ficou “absolutamente exausto” após a última operação, durante a qual fez apenas quatro pausas de 15 minutos para se alimentar e hidratar, mas que foi “maravilhoso” ver a família se sentindo “nas nuvens” depois.
+ Para receber VEJA RIO em casa, clique aqui
Bernardo e Arthur são os gêmeos craniópagos – ou seja, gêmeos com cérebro fundido – mais velhos a se separarem. De acordo com a Gemini Untwined, um em cada 60 mil nascimentos resulta em gêmeos siameses, e apenas 5% deles são craniópagos. Os gêmeos estão se recuperando bem no hospital e terão pela frente seis meses de reabilitação.