Mestrado na favela
Oitava melhor escola de negócios do mundo, a Fundação Dom Cabral abre cursos no Rio
Lá do alto, com a vista panorâmica desvelada pelas gôndolas que integram o teleférico do Complexo do Alemão, Stephan Hinrichs foi apresentado ao Rio de Janeiro. Engana-se, no entanto, quem pensa que a imersão em um dos conjuntos de favelas mais emblemáticos da cidade teve motivações meramente turísticas. Ao lado de outros quinze executivos estrangeiros, o alemão estava ali para estudar o poder de consumo das classes sociais ascendentes. A agenda na favela, realizada no início de abril, contemplou, por exemplo, uma palestra com policiais na sede da UPP do complexo e a visita a uma padaria financiada pelo microcrédito, fruto do caráter empreendedor local. Ministrado pela Universidade de St. Gallen, na Suíça, o MBA com foco em economias emergentes teve o módulo carioca desenvolvido sob encomenda pela Fundação Dom Cabral (FDC), escola de negócios sediada em Nova Lima, região metropolitana de Belo Horizonte, que inaugurou, no último dia 16, um portentoso escritório de 1?300 metros quadrados no Leblon. “Conjugamos aulas teóricas, visitas a empresas de projeção internacional e o contato com empresários de outra realidade social. Só assim conseguiremos ter uma ideia de como ser bem-sucedidos no mercado brasileiro”, avalia Hinrichs.
Batizado de learning journey, algo como jornada de aprendizado, o programa teve como proposta apresentar a realidade socioeconômica brasileira a partir do viés ? e, por que não, do jeitinho ? carioca. Esse modelo de curso, adaptado às necessidades e aos interesses específicos de cada organização, é um dos pilares da fundação recém-chegada à cidade e colaborou para que a Dom Cabral garantisse o posto de oitava melhor escola de negócios do mundo em ranking divulgado em 2012 pelo jornal britânico Financial Times. Com o investimento de 3,5 milhões de reais na abertura da filial do Rio, onde serão oferecidos especializações, pós-graduações e MBAs, além de possibilitar novos convênios com estabelecimentos de ensino, a ideia é aumentar ainda mais sua representatividade no cenário internacional. “Já contamos com parceiras de peso como a Insead, na Europa, e a Kellogg School of Management, nos Estados Unidos, mas ter instalações neste cartão-postal, com certeza, vai ajudar a trazer ainda mais alunos, professores e parceiros interessados em vivenciar e estudar uma cidade em constante evolução”, estima Wagner Furtado Veloso, presidente executivo da FDC.