A Frozen voltou… Rio amanhece com 12 graus no outubro mais frio da década
Massa de ar polar e fenômeno La Niña provocam manhã gelada e mínima histórica na cidade

A cidade volta a viver dias de frio atípicos para essa época do ano. Nesta terça (21), os termômetros da estação do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) em Jacarepaguá, na Zona Oeste, registraram 12,1 °C às 6h, a menor temperatura para um mês de outubro nos últimos dez anos. O último episódio de frio intenso pós-inverno foi em 2014, quando os termômetros marcaram 11,2 °C.
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As previsões do Alerta Rio para segunda (20) já indicavam tempo instável, com chuvas fracas e céu nublado em boa parte da capital. As baixas temperaturas encerram a sequência de dias chuvosos que marcaram o início da semana no estado. As temperaturas, que vinham oscilando entre 18°C e 27°C, despencaram com a chegada de uma massa de ar frio polar, responsável pelo amanhecer gelado. “O frio atípico está relacionado ao fenômeno climático La Niña, marcado por massas de ar frio persistentes nas áreas do Sudeste. Essas massas fazem com que as temperaturas fiquem mais baixas e trazem episódios de frio tardio, como é o caso desses dias de primavera” explica o meteorologista Cesar Soares, do Climatempo.
O interior do estado e a Região Serrana também amanheceram com episódios de frio fora de época. Em Nova Friburgo e Petrópolis, as temperaturas ficaram próximas aos 10°C, com sensação térmica ainda mais baixa em áreas de altitude. A previsão indica máximas de até 32°C na quarta (22), com retorno do sol e variação de nebulosidade ao longo do dia. Na quinta e na sexta, o tempo volta a ficar instável, com possibilidade de chuvas isoladas à tarde e à noite.
Temporada de frio mais rigorosa em 20 anos
Reportagem de VEJA RIO do final de agosto já anunciava: o inverno no estado do Rio em 2025 foi o mais rigoroso em 20 anos. Dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) mostram que, entre 20 de junho e 20 de agosto, a média das temperaturas máximas foi de 26,1 graus, contra 27,9 em 2023 e 28,5 em 2024. Já as mínimas ficaram em 14,3 graus, dois pontos abaixo do registrado nos últimos dois anos. Em 22 dias, as máximas não passaram dos 25 graus. Isso não acontecia desde 2006. “É um inverno com cara de inverno, sem a influência de fenômenos de aquecimento dos oceanos, como o El Niño e, ainda por cima, com a presença do fenômeno oposto, o La Niña, que causa o resfriamento das águas do Pacífico”, explica Guilherme Borges, meteorologista do Climatempo.
La Niña: entenda o fenômeno
La Niña é o nome dado a um fenômeno climático e oceânico marcado pelo resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico, especialmente na faixa equatorial. Esse processo altera o comportamento da circulação atmosférica global, provocando mudanças sazonais no clima de diversas regiões do planeta. “Essa condição oceânica mexe com a atmosfera na totalidade no globo. E aqui né no Brasil ela faz com que a gente tenha condições de chuva irregular no Sul. Aqui na região Sudeste a gente tem a presença de massas de ar frio com uma maior frequência, trazendo essa condição de frios tardios, que a gente ainda deve experimentar ao longo do mês de novembro também”, salientou Cesar Soares.