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Freud é pop

Um embate imaginário entre o pai da psicanálise e o autor de As Crônicas de Nárnia vira sucesso de público

Por Rafael Teixeira
Atualizado em 5 dez 2016, 14h28 - Publicado em 15 Maio 2013, 13h15
foto Paula Kossatz
foto Paula Kossatz (Redação Veja rio/)
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De um lado, o doutor Sigmund Freud. De outro, C.S. Lewis, autor de clássicos como O Regresso do Peregrino e a trilogia As Crônicas de Nárnia. A ação ? na verdade, uma longa conversa ? se passa em 1939, a partir de um encontro no consultório do pai da psicanálise, em Londres. Em debate, temas complexos como a existência de Deus, a natureza humana e o suicídio, além, é claro, do sexo. O que poderia ser uma discussão impenetrável, com os dois personagens históricos falando sem parar por pouco mais de uma hora, tornou-se um dos maiores fenômenos da temporada teatral carioca. Atualmente encenada no Teatro Clara Nunes, Freud ? A Última Sessão acaba de completar seis meses em cartaz, feito raro em uma cidade onde a maioria das peças dura no máximo a metade desse tempo. “O texto fala sobre questões que dizem respeito a todos nós, daí a sua popularidade”, resume o autor americano Mark St. Germain, cuja obra também tem cumprido uma carreira estrepitosa em seu país desde a estreia, em 2009.

Em cena, as questões às quais o autor se refere são tratadas com informalidade, em um diálogo saboroso e provocante. Embora não haja registros de encontro entre Freud e Lewis, esse é um fato plausível, pois ambos viveram em Londres no mesmo período e se interessavam por assuntos comuns, ainda que com abordagens opostas. Ateu convicto e crítico da religião, Freud é encarnado com cinismo por Helio Ribeiro. “Quero aprender por que um homem com o seu intelecto pode simplesmente abandonar a verdade e abraçar uma mentira tão traiçoeira”, dispara ele, ao fazer pouco da conversão de Lewis ao cristianismo, no início dos anos 30. O rival é mais econômico no deboche, mas igualmente incisivo, em uma atuação cheia de nuances de Leonardo Netto. “Você diz que, se não pode analisar seus sentimentos intelectualmente, eles não existem. Você se recusa simplesmente a se emocionar”, ataca o criador do reino de Nárnia. “É um duelo sem vencedores, capaz de levar até o espectador mais convicto a rever suas crenças”, resume Ticiana Studart, diretora da montagem brasileira. E, dado o interesse do público, uma prova de que inteligência combina muito bem com diversão.

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