Flamengo faz 130 anos distribuindo prosperidade dentro e fora de campo
O time está no topo da tabela do Brasileirão e vai disputar mais uma final da competição mais importante da América Latina
Tudo começou com uma tempestade que chacoalhou a Baía de Guanabara em certo domingo de outubro de 1895, virando a baleeira Pherusa com sete remadores. No mês seguinte, os heróicos sobreviventes fundaram um tal Clube de Regatas do Flamengo. Passados 130 anos, a instituição agrega impressionantes 40 milhões de torcedores e celebra o aniversário em céu de brigadeiro, com o horizonte ensolarado pós-tormenta.
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A camisa comemorativa lançada em homenagem ao citado episódio náutico abriu os festejos que culminam em 15 de novembro, a data oficial da instituição. No alto da tabela do Brasileirão e prestes a encarar, no dia 29, em Lima, o Palmeiras na quinta final da Libertadores – a quarta desde 2019 – o Mengão colhe os frutos de ter conseguido, na última década, transformar em receita a paixão avassaladora de seus fiéis seguidores. “O momento é de maturidade e equilíbrio. Queremos construir um modelo próprio e gigante, com solidez institucional, gerando impacto positivo para o futebol brasileiro”, diz Luiz Eduardo Baptista, o Bap, presidente do clube.
O balanço de 2025, recém-divulgado, aponta receita de 1,56 bilhão de reais a três meses do fim do ano, um recorde de arrecadação para um time brasileiro. O dinheiro vem de fontes como direitos de transmissão dos jogos, venda de atletas, premiações nas competições e o programa Sócio-Torcedor, com 100 000 inscritos. Em março, o lançamento da Flamengo TV no YouTube trouxe equipe própria de cem pessoas, transmissões de partidas vendidas de forma independente para o exterior e as aquisições do narrador João Guilherme e da jornalista Daniela Boaventura, ambos ex-ESPN.
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“O Flamengo bilionário passa o recado de que a boa gestão pode salvar os clubes”, resume João Guilherme, destacando que o canal está a caminho dos oito milhões de inscritos, com média de um milhão de ouvintes por jogo. Detalhe: a partidas são transmitidas sem imagens. Atualmente, o Fla lidera o ranking de arrecadação do Brasileirão, com média de público acima de 61 000, e mais de 62 milhões de reais de renda. A pesquisa Ipsos-Ipec mostrou que a massa rubro-negra representa 21,2% do total no Brasil, quase o dobro do paulistano Corinthians, segundo colocado.
Na dança dos números que enchem a boca da “nação”, o aumento da distância em relação à concorrência é resultado de uma virada de jogo histórica ocorrida na última década, iniciada em 2013, durante o mandato do ex- -presidente e atual deputado federal Eduardo Bandeira de Mello. Ele é tratado como ídolo, reverenciado no bar tijucano Salete, onde costuma se concentrar antes dos jogos. Foi um período marcado por responsabilidade e austeridade, auditorias, cortes de gastos e investimentos contidos no futebol, e os esforços de Bandeira reduziram as dívidas fiscais e trabalhistas do Flamengo em cerca de 200 milhões de reais em sete anos.
Além disso, ele recuperou a credibilidade da marca no mercado e preparou o terreno para uma realidade que apenas em sonho poderia passar pelos torcedores na seca que sucedeu o período “pós-Zico”. O elenco atual tem dezenove jogadores, quase dois times, já convocados pelo menos uma vez pelas seleções de seus países, incluindo, além do escrete nacional, Argentina, Itália, Espanha, Chile, Uruguai, Colômbia e Equador. Os rubro-negros fazem do uniforme uma segunda pele e aguardam com otimismo crescente a conquista do planeta com o segundo título mundial.
Flacentrismo
Na Rua Mário Ribeiro, a intervenção de artistas visuais fez do muro do clube um painel de imagens que unem presente e passado, ponto alto dos festejos deste sábado (15), assim como o lançamento da websérie Ser Flamengo, na Flamengo TV. Nomes como o escritor Ruy Castro e o professor (botafoguense) Luiz Antônio Simas deram entrevistas. “O Flamengo explica o Brasil, e o Brasil explica o Flamengo”, diz o historiador.
Em quatro episódios, a produção se debruça sobre fé, brasilidade, cultura e o chamado “flacentrismo”, que seria a “a soberba de acreditar que não existe nada além do Flamengo”. A corrida Fla Run, no último domingo (9), pintou de vermelho e preto o Aterro, e no dia 20, feriado da Consciência Negra, chega às lojas a linha de camisas Diamantes Negros, saudando ídolos históricos. Torcedor fanático, sócio-honorário e autor do livro O Vermelho e o Negro (Cia. das Letras), Ruy Castro revelou que já pulou o muro do Pacaembu para ver um jogo da Libertadores. “Os primeiros 130 anos são os mais difíceis”, disse, bem-humorado.
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