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Bendita água

Aparelho que produz variações moleculares do líquido insosso, incolor e inodoro faz sucesso entre naturebas mesmo custando 5 000 reais

Por Daniela Pessoa
Atualizado em 2 jun 2017, 13h04 - Publicado em 2 jul 2014, 20h46
Tomás Rangel
Tomás Rangel (Redação Veja rio/)
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Beber 2 litros de água por dia é uma regra básica para quem pretende levar uma vida saudável. Disso quase todo mundo sabe. Mas, ao contrário do que prega o senso comum, não basta que ela seja mineral ou tratada com cloro, como já faziam os nossos avós ? aliás, purificadores tradicionais estão com os dias contados se depender da nova mania dos aficionados da saúde. Naturebas convictos como a apresentadora de TV Angélica e a nutricionista funcional Andrea Santa Rosa Garcia adotaram um aparelho que é sucesso na Europa e nos Estados Unidos, batizado de filtro ionizador. Além de purificar o líquido valendo-se de peneiras de carbono e cerâmica, a máquina permite regular o pH da água em até oito níveis, variando do mais ácido ao mais alcalino. E é óbvio que tudo isso tem um preço: por volta dos 5?000 reais.

Descoberta na Rússia nos anos 50, depois aprimorada pelos japoneses, a técnica de ionização consiste em fazer a água passar por placas metálicas eletricamente carregadas, que reconfiguram sua estrutura molecular. Acredi­ta-se que, modificada de tal maneira, adquira propriedades terapêuticas e atue na prevenção de doenças. Também tem impactos estéticos, como a diminuição da retenção de líquidos e os decorrentes inchaços.

Lá fora, onde o hábito é mais difundido, há várias marcas de água alcalina, considerada a melhor para beber, à venda nos mercados. Por aqui, precisa-se recorrer à traquitana tecnológica. “É uma despesa que vale a pena. A água faz bem ao meu filho de 1 ano, que sofre com problemas gastrointestinais”, observa a re­la­ções-pú­bli­cas Viviane Lopes, moradora de São Conrado. Adepta há três meses, ela resolveu ir além da pia da cozinha e está instalando um segundo aparelho no chuveiro: “Dizem que o cabelo fica mais macio”.

Para a imensa maioria das pessoas, a única característica perceptível da água ionizada é o fato de ser mais leve.

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O médico endocrinologista Fabiano Serfaty vê com cautela toda a euforia.”É exagero acreditar que a água com pH controlado resolverá todos os problemas de saúde. Cumprir uma dieta balanceada e praticar exercícios físicos com regularidade, por exemplo, é muito mais importante na prevenção de doenças e da obesidade”, ele destaca. Sem isso, nem água benta resolve.

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