Filme Vitória: algo mudou na Ladeira dos Tabajaras em 20 anos?
Palco da história marcante de registros de tráfico e corrupção policial permanece estratégico para o atuante crime organizado

A aposentada Joana Zeferino da Paz, mais conhecida por Dona Vitória, cuja história impressionante chegou aos cinemas no filme Vitória, tendo como protagonista a atriz Fernanda Montenegro, não teria o que comemorar, se estivesse viva, em relação à situação de violência do tráfico e corrupção policial que registrou em sua câmera de vídeo há 20 anos. Pelo simples fato de que a situação continua igual. Na verdade, piorou.
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O problema da relação promíscua entre a polícia e o bandidos não parece ter solução, e a milícia veio para mostrar que os criminosos agem também sob o aparelho do estado. O crime aumentou nas favelas, com a expliração e venda de sinais clandestinos de internet e de TV a cabo e a extorsão de comerciantes, além do movimentado tráfico de drogas. De 2005 para cá, o número de moradores e de casas duplicou, e as construções se verticalizaram, atingindo até seis andares na comunidade do Cantagalo, segundo o jornal O Globo.
Foi naquele ano que o jornal Extra publicou a reportagem revelando a história e as imagens feitas pela aposentada, que morreu em 2023, aos 97 anos, gerando a instauração de um inquérito que identificou mais de 30 criminosos flagrados nos vídeos por Joana Zeferino, que após a publicação da matéria do repórter Fábio Gusmão passou a viver sob o Programa de Proteção a Testemunhas.
“Eu digo que a sobrevivência lá já era terrível na história de origem, e piorou. Infelizmente. Temos que ter consciência de que piorou, e tentar sair disso”, disse a atriz Fernanda Montenegro, de 95 anos, que interpreta nas telas a personagem principal da trama, durante a entrevista concedida na pré-estreia carioca do longa.
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O Comando Vermelho (CV) é quem domina a Ladeira dos Tabajaras, como ocorria na época das filmagens de joana. Agora, porém, além da venda de drogas sintéticas no morro e no asfalto, a facção criminosa impõe o pagamento de taxas, por exemplo, a quem explora o transporte e exige percentuais sobre a venda de botijões de gás e de transações imobiliárias.