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Festas dos anos 2000 voltam às pistas cariocas para alegria da turma 35+

Brazooka, Bailinho e Modinha! fazem sucesso com repertório voltado a uma faixa etária normalmente negligenciada na noite do Rio

Por Marcela Capobianco
Atualizado em 15 set 2023, 11h53 - Publicado em 15 set 2023, 09h37
Festa de arromba: a pista encheu nas últimas edições do Bailinho
Bailinho: a pista encheu nas últimas edições da festa (Rogerio Resende e Paula Kossatz/Divulgação)
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“Todo mundo espera alguma coisa de um sábado à noite.” Para quem circula pela efervescente noite carioca, o verso de Lulu Santos, que embala um dos hits do álbum Calendário, de 1999, soa como um hino. Esse e outros, celebrados em uma nova onda de nostalgia, tocam em festas que fizeram sucesso há quase duas décadas, como Brazooka, Bailinho e Modinha!, e agora estão de volta. Prova inequívoca de seu êxito é que os ingressos têm esgotado antes de as caixas de som ecoarem os primeiros acordes. A balada é dominada por uma turma que, com seus 40, 50 anos, tem fôlego de dar inveja aos neófitos da noitada. “O público envelheceu e isso é motivo de grande alegria. Hoje, as pessoas se planejam para estar numa festa. Eu faço 50 anos no ano que que vem. Vejo que a galera da minha idade quer curtir a noite com conforto”, diz o ator, DJ e produtor cultural Rodrigo Penna, 49 anos, à frente do Bailinho, que estreou em 2007. “Hoje em dia, a idade não determina quem vai se acabar numa pista de dança”, resume.

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No calendário carioca, cada vez mais eventos vêm se posicionando para esse público mais maduro. No Instagram da Modinha!, que nasceu como alternativa às “boates de playboy”, a farra é vendida como “a melhor festa pop 35+ do planeta”. Lá atrás, ela fincou-se na modalidade dos festejos nômades, cujo alvo era a ala mais alternativa. A cada edição, ocupava um espaço diferente, como os extintos Teatro Odisseia, na Lapa, e a Casa Rosa, em Laranjeiras. Apesar de não ter tido um fim oficial, a Modinha! perdeu tração entre 2017 e 2019, e reapareceu na pandemia, nas lives que o DJ e fundador João Rodrigo, 44 anos, passou a promover para resgatar os amigos da monotonia. A partir daí, viu que poderia retornar à vida presencial, procurou parceiros e reiniciou os trabalhos em agosto de 2022. “Colocamos shows de Vini e LS Jack, dando um tiro certeiro na memória afetiva de quem era novinho na virada do milênio”, lembra João, que já realizou outras três edições e prevê mais duas no segundo semestre, mesclando pérolas do pop a Beyoncé e Harry Styles.

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A diversão pode adentrar a madrugada, mas as festas de ares nostálgicos costumam começar mais cedo, por volta das 21h, e a esquentar bem antes da meia-noite. “Quem tem filho pequeno não pode se dar ao luxo de dormir até tarde no dia seguinte”, brinca Marcelo Janot, 53 anos, DJ da Brazooka, evento semanal entre 2000 e 2011 que regressou neste ano. Janot é também criador da Terapia, nova festa bimensal com pitadas de MPB e rock internacional. Outras novidades que agradam ao público que já ingressou nos “enta” (40, 50) despontam no cenário. Rodrigo Penna, do Bailinho, lançou a Alento, focada na turma que quer dançar juntinho (ou não), com eclético repertório de Neil Young e Stevie Wonder a Gal Costa e Ivone Lara. Recém-separada e mãe de uma menininha de 3 anos, a analista de sistemas Thiana Calmon, 42, foi convencida por uma amiga a voltar às pistas na Modinha! de julho. A preparação envolveu a criação de um grupo de WhatsApp composto de sete mulheres de mais de 40, batizado de Animadas 4.0. “Me esbaldei e saí de lá renovada, com a sensação de que tenho ainda muita vida pela frente”, conta. O publicitário João Paulo Anzanello, 44, faz coro: “Hoje sou careca, mas dancei até o sol raiar as músicas da época em que eu ainda tinha cabelo. Isso não tem preço”.

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Apesar de o Rio ser uma metrópole festeira, o surgimento de noitadas para pessoas na faixa dos 40+ soa a novidade — historicamente, esse público nunca foi o foco principal do setor de entretenimento. Esse crescente movimento mostra que há um nicho a ser explorado. “É hora de nos libertarmos da ideia de que a juventude é um valor supremo”, enfatiza a antropóloga Carla Barros, professora da UFF. “Sinto que as pessoas mais jovens estão mais preocupadas em fazer pose, enquanto quem tem a minha idade quer cantar junto com os músicos, a plenos pulmões, e dar aquela sentadinha pra descansar e bater um papo”, compara Bárbara Rosalinski, 35 anos, idealizadora da festa Bailão, na qual uma big band passeia por clássicos que vão de Madonna a Leandro e Leonardo. Escolhendo repertórios para um público que se joga nas pistas, os produtores desses eventos têm a mente aberta para quase tudo — menos para refrãos que viralizam nas redes. “Às vezes, estou trabalhando num casamento e me pedem para tocar aquela nova do TikTok. Nem sei do que se trata”, conta Janot. O público 35+ fica muito bem, obrigado, sem elas.

SOM NA CAIXA
O estilo musical que toca nas pistas

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Alento
@alentoafestaa
Sons dançantes com samplers de trechos de livros

Bailão
@bailao.bailao
Uma big band passeia de Madonna a Ney Matogrosso

Bailinho
@festabailinho
Pop e MPB, de Stevie Wonder a Gal Costa

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Brazooka
Marcelo Janot: DJ comanda as festas Brazooka e Terapia (Mike Bleak/Divulgação)

Brazooka
@mjanot
Marcelo Janot aposta em hits da MPB de várias épocas

Modinha!
@modinhafesta
Pop brasileiro e internacional animam a pista

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Terapia
@mjanot
Músicas do pop, rock e MPB de várias épocas

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