Escola estadual de Niterói coleciona prêmios em ciências exatas
Professores especializados, parcerias de excelência e infraestrutura moderna levam alunos de escola pública às principais olimpíadas de física e matemática
Shijiazhuang, capital da província de Hebei, no norte da China. A mais de 17 000 quilômetros do Rio, a cidade sediou um torneio de futebol juvenil em agosto deste ano. Quem levou a melhor foram os brasileiros, com o time do Colégio Estadual Matemático Joaquim Gomes de Sousa. A vitória nos gramados asiáticos, no entanto, é só um detalhe no rol de conquistas desses alunos. Parceira da Universidade de Hebei, a instituição fluminense, fundada em 2015 em Charitas, bairro de Niterói, tornou-se um centro de excelência em ciências exatas. Há dois anos seus pupilos estudam dez horas diárias, dedicação que resulta em louros nacionais e internacionais nos campeonatos de física e matemática. Só em 2017, as turmas de 1º, 2º e 3º anos do ensino médio ganharam, respectivamente, ouro, prata e bronze na Olimpíada Internacional de Matemática sem Fronteiras. “Nossa escola é muito diferente. Aqui, tem de estudar de qualquer jeito. Só fica quem quer mesmo e quem consegue aguentar a pressão”, diz André Franco, de 16 anos, também medalhista de ouro na última edição da Olimpíada Brasileira de Física das Escolas Públicas (Obmep).
Instalado em um imóvel tombado pelo patrimônio cultural do estado e restaurado ao custo de 21,4 milhões de reais, o liceu funciona em horário integral, das 7 às 17 horas, voltado apenas para o ensino médio, e abriga 229 estudantes. O sucesso é fruto de uma combinação de fatores: o quadro de professores conta com profissionais especializados, foram firmados convênios com entidades de excelência como o Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa) e a infraestrutura montada permite aprofundar o ensino. A escola adotou, por exemplo, uma sala interativa em que os jovens participam de competições on-line entre si. Seus conhecimentos serão testados mais uma vez em 16 de setembro, quando os dezenove alunos da escola aprovados na primeira etapa da Obmep enfrentarão a próxima prova. “Eles são preparados para raciocinar. Apesar de esta fase ser discursiva, tenho certeza de que vão achar fácil. Todos são muito dedicados”, garante o professor Cícero Avelino, que se voluntariou para treiná-los às sextas-feiras à tarde, um dos poucos períodos livres na atarefada agenda da turma.