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Meu Rio com Eri Johnson

Fã e morador da Barra, ele diz que não troca o bairro por nenhum outro. Mas para sambar e se divertir com os amigos, a quadra do Salgueiro, na Tijuca, é o lugar

Por Louise Peres
Atualizado em 5 dez 2016, 15h55 - Publicado em 10 nov 2011, 15h55
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Salgueirense, vascaíno e criado em São Cristóvão, Eri Johnson é daqueles cariocas com orgulho. Tem a sensação de que o Rio é parte de sua família. “Parece que o Rio de Janeiro é meu, algo que me pertence, sabe?”, filosofa ele. Aqui aconteceram passagens importantes de sua trajetória – várias delas recontadas em seu monólogo Eri Pinta, Johnson Borda, que acaba de reestrear no Rio, no Teatro Fashion Mall. No espetáculo, ele apresenta suas já famosas imitações de personalidades como Romário e Evandro Mesquita e resgata alguns de seus personagens mais marcantes – cariocas como ele, em sua maioria. Apaixonado por praia e ardoroso defensor da Barra, bairro onde mora, o ator, no ar como Gigante na novela Fina Estampa, falou à VEJA RIO sobre como a cidade faz parte de sua vida.

Na peça você relembra casos da sua vida. Provavelmente muitos deles ocorreram no Rio…

Sim, 90%! No Eri Pinta, Johnson Borda eu misturo realidade e ficção. Tem bastante coisa inventada que misturei a outras situações vivenciadas por alguém ou mesmo por mim. Uma delas aconteceu aqui em São Conrado. Saí daqui, na minha Fiat 147, para ir até Porto Seguro, na Bahia, com uma ex-namorada minha (risos). Acordamos às quatro e meia da manhã e partimos. E as cenas que envolvem meu pai e minha mãe também, que aconteceram na minha casa, na época em São Cristóvão.

Dos seus personagens, qual é o mais carioca de todos?

Acho que é o Tenorinho, da adaptação da novela Pecado Capital feita pela Glória Perez. Ele morava em Marechal Hermes, mas vivia indo para a praia da Barra: pegava o ônibus, colocava lente de contato azul e se apresentava como Marcelo. E aí passava em qualquer lugar que tivesse uma bica ou uma torneira, molhava o cabelo e fingia que tinha acabado de acordar, tipo “tomei um banho e agora tô aqui na praia com vocês, e tal”. Ele era um mega cariocão, por causa dessa malandragem. O carioca tem essa coisa de estar sempre tentando armar situações.

E o carioca poliglota?

Ah, esse é um personagem inspirado em um amigo nosso que realmente foi para os EUA e se virava no inglês sem saber uma palavra. O carioca tem muito isso, ele pode ir pra qualquer lugar de graça. Mesmo que vá para o Japão, pela musicalidade da fala ele vai tentando se virar.

Qual é a sua relação com a cidade? Moraria em algum outro lugar que não aqui?

Moraria com a certeza de voltar. Em qualquer lugar eu consigo me adaptar bem se eu souber que vou voltar para o Rio. Esse lugar aqui parece que faz parte da minha família, é parte de mim, sabe? O Rio de Janeiro é meu. É como se fosse uma coisa minha mesmo, tenho essa sensação de que ele me pertence.

Qual é o seu lugar no Rio?

É a Barra. Eu amo esse lugar. Antigamente, a Barra era longe. Hoje os outros bairros é que ficaram longe da Barra. Moro na Península e faço tudo por aqui, não preciso mais ir a lugar algum. As pessoas dizem: “ah, mas a Barra é um saco, tem que fazer tudo de carro!”. Hoje eu acho isso ótimo, ruim era na época em que eu tinha meu “Fiatzinho” 147. Agora que o carro é bacana que eu tenho que andar por aí com ele mesmo, concorda? (risos)

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O que você mais gosta de fazer aqui?

Praia. Não existe nada melhor do que dar aquele mergulho depois de um dia de trabalho, é revigorante. Adoro sentar, encontrar os amigos, bater um papo e curtir aquele visual.

Sua praia preferida?

Adivinha? É a Barra, né! Acho que ela ficaria ainda mais incrível se naquela área antes da areia, em que a vegetação ainda é meio virgem, meio selvagem, a gente fizesse um projeto de paisagismo, um jardim bacana. Ia ficar lindo.

E pra ir com os amigos, qual é o melhor lugar?

O Salgueiro. Há 25 anos é lá que eu me divirto, danço com os amigos. Adoro ir com todo mundo pra lá, tenho o maior prazer em levar minha galera para a quadra, sambar até dizer chega. Pra mim, não tem igual.

E que carnaval do Salgueiro mais te marcou?

Engraçado, mas não foi nenhum em que fomos campeões. Foi esse último em que desfilei caracterizado como Charlie Chaplin (Salgueiro Apresenta: O Rio no Cinema! era o enredo da escola tijucana). Pela primeira vez não era eu que estava ali, estava interpretando um personagem. O público interagia comigo, vibrava. Foi um carnaval emocionante.

Que local do Rio te transmite paz? Onde você vai quando quer se desligar de tudo?

Eu não tenho uma religião – aliás, minha religião é Deus -, mas acho que um lugar fenomenal para isso é o Cristo Redentor. Todo mundo tem que fazer uma visita. Tenho vários amigos cariocas que nunca foram ao Cristo, acho um absurdo! No fim de tarde então, é uma vista espetacular, um negócio de doido.

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Qual é o seu prato favorito? E que restaurantes você costuma frequentar?

Prato cheio! (risos). Eu vou onde me sinto em casa. No Tizziano eu me sinto em casa, no Porcão… Tem também o Sushi Carioca, um lugar que pouca gente conhece e exatamente por isso é tão bom. Lá nossa galera conversa sobre tudo, fala alto, fala baixo, come, bebe.

O que você gostaria que tivesse aqui, mas ainda não tem?

Paz. O Rio tá precisando.

O que o Rio tem de mais especial?

As pessoas. O carioca tem orgulho de ser daqui. Ele ama a cidade, e tem o maior prazer em abrir a boca e responder “do Rio de Janeiro” quando alguém pergunta de onde ele é. Fala a verdade? Quando vejo um muro pichado, não consigo acreditar que tenha sido um carioca quem fez. Quem é do Rio ama e defende essa cidade.

O domingo perfeito no Rio tem…

Praia, o que mais? (risos)

Um programa de índio, que você não faz de jeito nenhum aqui?

Olha, bloco de carnaval é um negócio que não tem muita infraestrutura, não curto muito. Na verdade, acho que não tem essa de programa de índio. Se você me chamar, e me convencer que a parada é legal, eu vou!

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O que o Rio ainda tem, na sua opinião, muito a melhorar?

Fora a violência, acho que o Rio de Janeiro tá vivendo um caos no trânsito. É claro que tudo vem por uma melhoria, mas a cidade tá com uma carga muito grande de eventos, muitas obras e isso tem causado um transtorno absurdo. Se antes eu levava 10 minutos da minha casa ao Projac, hoje eu preciso me planejar, por exemplo, para sair de casa às 9h30 se eu tiver que estar lá às 10 e for uma sexta-feira.

Eri Pinta, Johnson Borda. Teatro Fashion Mall. Estrada da Gávea, 899, São Conrado, tel. 2422-9800. Sexta e sábado às 21h30, domingo às 20h. R$ 60 (sex. e dom.) e R$ 70 (sáb.). 70 minutos. 12 anos. Até 26 de fevereiro.

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