Empresário cria oficina de escrita para alunos da rede municipal
Dono de gráfica, Ricardo Monteiro criou o projeto Pequenos Grandes Escritores, que publica livros com trabalhos produzidos por crianças carentes
Em 2011, Ricardo Monteiro, proprietário da gráfica Oficina de Livros, decidiu ocupar parte de seu tempo com uma boa ação. Nascia ali o projeto Pequenos Grandes Escritores, que oferece, de graça, oficinas de escrita a alunos da rede pública de ensino. Ao lado de sua equipe, ele escolhe uma escola na qual tocará o projeto durante um ano. Nos encontros, alunos do ensino fundamental criam e ilustram histórias baseadas num tema determinado. “Como optamos por regiões de grande fragilidade social, procuramos abordar um assunto que tenha a ver com a realidade dos meninos. No momento, estamos tratando de paz”, explica o empresário. Em 2017, a instituição visitada foi a Escola Municipal Estados Unidos, no Estácio. Lá, 240 alunos de 6 a 10 anos, de oito turmas, participam das aulas.
Concluídos os trabalhos, a gráfica é acionada para a impressão de um livro, que reúne a produção dos estudantes. Cada um deles ganha dois exemplares, com capa personalizada. “Além disso, a turma que produz o material mais coerente tem direito a uma visita à gráfica para acompanhar todo o processo de impressão do livro”, conta o benfeitor. No dia do lançamento da obra, é distribuído um kit com certificado, marcador de página e camiseta. “Minha intenção é fazer com que o livro os sensibilize e sirva de ferramenta de transformação social. Quero que eles vejam que, se podem escrever um livro, podem fazer qualquer coisa, ir além”, diz.
Uma estratégia simples banca o exercício de filantropia:
o mesmo serviço é pago quando executado em escolas particulares e 15% da verba angariada viabiliza sua realização em colégios públicos. Além disso, é bem-vindo o apoio da empresa de tecnologia Technip FMC. Ricardo Monteiro sonha com a chegada de mais patrocinadores solidários para ampliar a ação e se empolga quando fala de sua experiência ao longo destes seis anos. “Já vi dois alunos que não liam começar a se aplicar para aprender, só para não ficar de fora do projeto. E, na Escola Municipal Gastão Monteiro Moutinho, em Jacarepaguá, uma situação de abandono foi revertida depois que passamos por lá”, lembra. Ainda em novembro, o Pequenos Grandes Escritores deve ganhar um aplicativo com os livros produzidos pela criançada. “Vamos ter uma biblioteca para que eles possam visualizar as obras e compartilhá-las nas redes sociais. Vai ser interessante”, acredita o empresário.