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Emoção ao vivo: a mais relevante das redes sociais

Em artigo para VEJA Rio, o presidente da Dream Factory escreve sobre o poder catártico dos eventos artísticos e esportivos

Por Duda Magalhães
14 out 2024, 18h22
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Duda Magalhães, da Dream Factory: "A linguagem universal da emoção é um promotor gigantesco e escalável desse autoconhecimento que permite às pessoas refletirem sobre suas histórias" (./Divulgação)
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Nas pesquisas realizadas com participantes das últimas três edições da Maratona do Rio (2022 a 2024), as palavras mais usadas foram “cura”, “terapia” e “terapêutico” para se referir ao evento. Assistir às pessoas cruzando a linha de chegada é emocionante. Ali não importa quem chegou primeiro ou por último, o valor está na experiência compartilhada. Não é para menos: de acordo com a teoria de Maslow, relações sociais são fundamentais para a autorrealização, que é o mais alto nível da hierarquia de necessidades humanas.

Claro que os grandes eventos são mais óbvios nesse sentido, mas todos os dias do ano, em proporções diferentes, inúmeros eventos ao vivo promovem essa sensação catártica nas pessoas. Há um poder inestimável nas experiências ao vivo que reúnem apaixonados pelo mesmo tema: seja um artista ou estilo musical, um esporte, uma arte, uma peça teatral. É o ao vivo que nos mantém no aqui e agora, é nele que a emoção acontece, que pulsa a mais relevante e saudável das redes sociais.

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O cenário que vivemos ao longo dos duros dois anos de pandemia comprovou que o abstrato e subjetivo da cultura, do esporte, da emoção, não são supérfluos. Ao sermos privados, percebemos a falta que faz. Porém, passada a pandemia, adoecemos por outros motivos. Vivemos em uma sociedade ultraconectada e dependente de telas. Temos novos ingredientes no combo de mazelas do século XXI, como ansiedade e depressão em níveis históricos, que se refletem em um paradoxo: tanta gente conectada e ao mesmo tempo isolada. Soma-se ainda a busca incansável pela produtividade, tornando cada vez mais difícil encontrar pessoas que se dediquem a alguma atividade apenas por prazer. O ócio e hobby viraram artigos de luxo entre os adultos.

Quando jovem, me marcou muito uma das frases de Aristóteles: ‘A vocação é o ponto de encontro entre as necessidades do mundo e os nossos talentos’. Fora desse ponto, perde-se o sentido. O difícil nessa equação é saber ler as mudanças do mundo, para que direção a sociedade caminha e quais são suas reais necessidades e igualmente, se conhecer profundamente para fazer o melhor uso dos seus verdadeiros talentos.

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Como paciente da psicanálise há quase 30 anos, consegui mergulhar nessa busca pelos meus talentos e tive o privilégio de encontrar minha vocação muito cedo, quando decidi criar minha primeira empresa de entretenimento ao vivo na década de 1990, por entender que o mundo necessitava (e hoje mais ainda) da emoção ao vivo para promover uma sociedade mais harmônica. Acredito que a terapia deveria constar da grade curricular das escolas. Se temos educação matemática, física, da história, da língua etc por que não oferecer a educação emocional, dimensão cada vez mais valorizada na fase adulta?

É nesse contexto que precisamos discutir o papel da arte, do esporte e das experiências ao vivo como promoção do autoconhecimento e da saúde humana. Quando somos expostos a um estímulo ao vivo que nos remete a algum episódio da nossa história, nesse momento, sentimos um gatilho interior que aquece o peito, faz nosso queixo tremer, cair lágrimas e um sentimento único. É uma oportunidade de nos revisitarmos, de perdoar (se for o caso), de mudar de postura, de renovar a garra, enfim, cada um reage e se nutre dessa emoção de um jeito diferente.

Do ponto de vista pessoal e individual, não há dúvidas de que a linguagem universal da emoção é um promotor gigantesco e escalável desse autoconhecimento que permite às pessoas refletirem sobre suas histórias e serem, se assim quiserem, melhores em vida. Sem comparações ao que a terapia promove com seu grau de profundidade, mas a emoção resultante do estímulo ao vivo também nos leva a lugares da nossa intimidade.

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Essa conexão emocional também se estende ao mundo dos negócios e do marketing. De acordo com o Kantar Media Reactions 2024, os consumidores classificam as experiências ao vivo como uma das formas mais autênticas de se conectarem com marcas, destacando-as como um dos meios de comunicação mais bem avaliados.

Portanto, em meio à correria e às telas, você como indivíduo tem reservado tempo para se conectar consigo mesmo e viver a emoção do agora? Você como profissional de marketing, qual peso da emoção na sua estratégia de comunicação e relacionamento com seus clientes?

É verdade. Assim como na terapia, dá muito mais trabalho e requer coragem. Mas o resultado que o investimento na emoção ao vivo gera é extraordinariamente maior.

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