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Dupla jornada

Diários e livros de memórias são obras de autoajuda — definiu o Raul numa das mesas do Café Severino, onde nos encontrávamos para saudar a entrada da primavera. Acabaram sendo comuns esses encontros temáticos do nosso grupo de amigos. E, nesse sentido, nunca perdemos a entrada das estações do ano. Sinalizando a data, um vasinho […]

Por fernanda
Atualizado em 25 fev 2017, 18h32 - Publicado em 26 set 2014, 23h26
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    Diários e livros de memórias são obras de autoajuda — definiu o Raul numa das mesas do Café Severino, onde nos encontrávamos para saudar a entrada da primavera.

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    Acabaram sendo comuns esses encontros temáticos do nosso grupo de amigos. E, nesse sentido, nunca perdemos a entrada das estações do ano. Sinalizando a data, um vasinho de flores do campo reinava no centro da nossa mesa, na qual já estavam as taças e a garrafa do nosso tinto chileno preferido, assim como os nacos do grana padano habitual.

    — Quem mantém um diário com anotações constantes e sinceras dificilmente precisará de um divã no consultório de um psicanalista — acrescentou o Raul.

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    Mas por que o assunto daquela tarde eram os diários e livros de memórias, se saudávamos a primavera? Bem, na verdade, o que puxou o tema foi uma notícia recente sobre a jornalista australiana Amanda Goff, que, numa entrevista ao programa de TV Sunday Night, surpreendeu a todos declarando que costuma, ao lado da profissão de repórter, exercer a de garota de programa. Isso mesmo que vocês leram: Amanda faz amor com seus entrevistados. “Sem misturar os assuntos”, garante ela no livro que acaba de lançar e que tem o título, em inglês, de Hooked, assinando como Samantha X, pseudônimo que adotou como profissional da dupla jornada de trabalho.

    — Mas que cara de pau dessa mulher! — condenou o Gabriel.

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    — Cara de pau ou coragem? — perguntou a Carla, provocando o ciumento marido, que mudou a frase:

    — Que grande cara de pau dessa corajosa mulher!

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    — A história é muito boa — continuou a Carla, a única pessoa do grupo que tinha lido a matéria na internet e levado o assunto para a nossa mesa.

    — Mas ela explica, dá as razões de exercer as duas atividades? — voltou a perguntar o Gabriel com vivo interesse.

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    — Bem — respondeu a Carla —, quando perguntada sobre as razões que a levaram a vender o corpo, Samantha respondeu, corrigindo o entrevistador:

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    “Não vendo o meu corpo. Apenas decidi cobrar por algo que eu já fazia de graça”.

    Não pudemos deixar de dar uma boa risada com essa resposta espirituosa e corajosa. E a partir desse momento, todos os presentes à nossa mesa e até mesmo duas moças que ocupavam a mesa ao lado passaram a se interessar pela matéria publicada no jornal de São Paulo, não deixando margem para a colocação de outro assunto na mesa festiva e primaveril do Café Severino. O Raul, que estava preparado para se estender sobre a publicação de diários literários — que estão voltando à moda —, acabou também por embarcar na notícia sobre a repórter australiana.

    Obviamente, por causa desse interesse geral, o assunto rendeu a tarde toda, entrecortado de exclamações e apartes maliciosos. Carla, a madrinha daquele belo dia, fechou suas informações sobre a história:

    — Quando o entrevistador voltou a questioná-la sobre a previsão de quando ela pretendia parar de exercer seu serviço extra, a repórter de 40 anos foi romântica:

    “Vou parar quando me apaixonar”.

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