Dez anos depois, seis PMs condenados no Caso Amarildo seguem na corporação

Condenações foram em 2016; Rio de Paz faz ato em memória do ajudante de pedreiro, desaparecido há 10 anos

Por Da Redação
13 jul 2023, 14h36
Rio de Paz faz ato em memória de Amarildo em Copacabana Foto Reprodução TV Globo
Rio de Paz faz ato em Em memória de Amarildo: Rio de Paz faz ato por desaparecidos na Praia em Copacabana. (TV Globo/Reprodução)
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Dez anos após a morte do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, seis condenados pelo crime seguem trabalhando na Polícia Militar do Rio, segundo reportagem do G1. Amarildo sumiu após ser levado por agentes da corporação para ser interrogado na sede da UPP da Rocinha durante a Operação Paz Armada, que pretendia combater ao tráfico de drogas na comunidade, em julho de 2013, conforme comprovaram investigações do Ministério Público. Os policiais acreditavam que o ajudante de pedreiro tinha informações sobre o paradeiro de traficantes. A Justiça concluiu que ele foi torturado até a morte, mas seu corpo não foi encontrado até hoje. Em 2016, 13 PMs foram condenados por tortura seguida de morte, ocultação de cadáver e fraude processual. Um deles, no entanto, já havia morrido quando a condenação saiu em 2016.

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Nesta quinta (13), a ONG Rio de Paz preparou um ato na Praia de Copacabana em memória de Amarildo. O movimento colocou na areia 10 manequins — um para cada ano do sumiço — e voluntários debaixo de um tecido transparente simbolizando Amarildo e milhares de outros desaparecidos do Rio de Janeiro.

De acordo com a Secretaria estadual de Administração Penitenciária (Seap), nenhum dos condenados está preso dez anos após o desaparecimento do corpo da vítima. Os condenados foram para diferentes unidades do sistema prisional. Em março de 2019, quatro PMs acusados foram absolvidos pela Justiça e deixaram a unidade prisional da Polícia Militar. Meses depois, em agosto, foi a vez de o major Edson Raimundo dos Santos, comandante da UPP da Rocinha na época do assassinato e condenado a 13 anos e sete meses de prisão, conseguir o benefício de cumprir a pena em prisão domiciliar. Na época, a juíza responsável afirmou que um dos motivos era o fato de que “o Estado tem apenas uma casa de albergue para presos e que as vagas são insuficientes”.

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Além dos seis condenados que seguem no quadro ativo da Policia Militar, outros seis foram
excluídos da Corporação. São eles:

Soldado Douglas Roberto Vital Machado
Soldado Marlon Campos Reis
Soldado Jorge Luiz Gonçalves Coelho
Soldado Anderson César Soares Maia
Soldado Wellington Tavares da Silva
Soldado Felipe Maia Queiroz Moura

Seguem na corporação:

Major Edson Raimundo dos Santos: era o comandante da UPP Rocinha desde a sua inauguração e, segundo a Justiça, “foi o mentor intelectual da tortura” contra Amarildo. Condenado a 13 anos e sete meses de prisão, de acordo com a PM, ele trabalha na Diretoria Geral de Pessoal atualmente. Segundo a Justiça, teria partido dele a ordem para que a vítima fosse capturada e levada à base da UPP. Além disso, comandou e orientou o sumiço do corpo da vítima, ordenando aos seus subordinados que retirassem o cadáver do local e o ocultasse. O major  foi reintegrado à PM em fevereiro de 2021. Sua advogada de defesa, Tatiana Fadul, disse ao G1 que não tem autorização para falar dos processos.

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Tenente Luiz Felipe de Medeiros: foi subcomandante da UPP Rocinha. Era o primeiro homem abaixo do major Edson na hierarquia da unidade e, segundo a Justiça, “não só orquestrou todo o crime junto a Edson, como participou pessoalmente da execução”. Ele foi condenado a 10 anos e sete meses de prisão. Atualmente, trabalha no Centro de Abastecimento de Insumos de Saúde da Polícia Militar. O advogado Saulo Salles, que representa Medeiros e outros dois condenados, entrou com um recurso especial no Superior Tribunal de Justiça. “Estamos apontando nulidades no processo, certo que acreditamos na inocência de todos”, disse ao G1.

Soldado Jairo da Conceição Ribas: também atuou na captura de Amarildo e na condução dele à sede da UPP. Segundo a Justiça, não atuou diretamente na tortura da vítima, mas
garantiu que o crime fosse cometido vigiando o entorno do contêiner. Sua pena foi de 10
anos e quatro meses de prisão. Ele foi expulso da Polícia Militar, mas foi reintegrado à Corporação após decisão judicial em outubro de 2021.

Soldado Fábio Brasil da Rocha da Graça: participou da abordagem e condução de Amarildo à sede da UPP, segundo a Justiça. Enquanto a vítima era torturada, permaneceu junto aos demais policiais de confiança dos superiores na contenção da área. Também contribuiu na ocultação do corpo. Após ser condenado a 10 anos e quatro meses de prisão, foi expulso da Polícia Militar. Apesar disso, foi reintegrado à Corporação após decisão judicial em outubro de 2021.

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Rachel de Souza Peixoto: exercia a função de secretária do comandante. Segundo a Justiça, ficou comprovado que ela vigiou a sede da UPP durante a tortura de Amarildo. Condenada a nove anos e quatro meses de prisão, segue trabalhando na Policlínica da Polícia Militar do Rio de Janeiro.

Thaís Rodrigues Gusmão: sob ordem do major Edson, desligou as luzes do Parque Ecológico, localizado ao lado da sede da UPP, a fim de diminuir a visibilidade dos arredores do local do crime. Ela foi condenada a nove anos e quatro meses de prisão. Atualmente, trabalha na Policlínica da Polícia Militar do Rio de Janeiro.

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