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Os detalhes da disputa entre milícia e tráfico pela orla da Zona Oeste

Grupos criminosos rivais disputam controle do mercado de extorsão e venda de drogas em território de oito quilômetros

Por Da Redação
Atualizado em 30 out 2023, 18h32 - Publicado em 30 out 2023, 18h27
Praia da Macumba: cenário paradisíaco esconde guerra entre milicianos e traficantes. (Rafael Catarcione/Prefeitura do Rio de Janeiro/Divulgação)
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Um cenário paradisíaco esconde uma disputa sangrenta entre a milícia e duas facções do tráfico no Rio. No espaço de oito quilômetros da orla da Zona Oeste, entre o Posto 12, no Recreio, e Grumari, passando pelas praias do Pontal e da Macumba e pela Prainha, o conflito que começou há mais de uma década atinge níveis nunca vistos. Para os paramilitares, oriundos da favela vizinha do Terreirão e subordinados a Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho, o que está em jogo é o controle do mercado milionário da extorsão na região: ali, tudo é taxado, dos estacionamentos na orla aos ambulantes que trabalham na areia. Já os dois grupos de traficantes brigam para explorar a venda de drogas na praia e nas festas realizadas na orla, além do “delivery” de maconha e cocaína nos arredores.

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Segundo reportagem do jornal O Globo, até 2021, a milícia do Terreirão, então chefiada por Wellington da Silva Braga, o Ecko, irmão de Zinho, convivia pacificamente com um grupo de traficantes da Vila do João, no Complexo da Maré: drogas eram comercializadas na areia enquanto os milicianos tomavam conta do calçadão. Do Recreio até a Praia de Grumari, por exemplo, a milícia impôs aos flanelinhas uma taxa semanal de R$ 150. Para pagá-la, os guardadores de carros chegam a cobrar dos banhistas R$ 50 por uma vaga, valor muito superior aos R$ 2 tabelados pela prefeitura. Os paramilitares chegaram a construir um estacionamento irregular com 80 vagas na Praia da Macumba, na Área de Proteção Ambiental (APA) de Grumari, e cobravam R$ 30 dos motoristas. Em 2021, o estabelecimento foi fechado três vezes pela Secretaria municipal de Meio Ambiente no intervalo de um ano — e voltava a funcionar normalmente depois das operações.

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Após a morte de Ecko durante uma operação policial em 2021, porém, a situação mudou. Disputas internas racharam a milícia, e a favela passou a ser disputada por duas quadrilhas de paramilitares — assim como outras áreas alidades na Zona Oeste e na Baixada Fluminense. Além disso, a relação com os traficantes que atuavam na praia mudou quando maior facção do tráfico do Rio, rival do grupo que antes dividia a área com a milícia. Em agosto, por exemplo, agentes dos 31º BPM (Barra da Tijuca) apreenderam 300 sacolés de cocaína e prenderam três traficantes no Terreirão — algo inimaginável há alguns anos, já que a milícia impedia bocas de fumo na favela.  A guerra no cartão-postal foi determinante para que a Barra e o Recreio batessem um recorde histórico de violência: de janeiro a setembro deste ano, os bairros registraram 88 assassinatos, a maior quantidade na região em 20 anos.

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