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O novo capítulo do desastre ambiental que não tem fim na Baía de Guanabara

Análises do Inea mostram que, pela primeira vez desde início da série histórica, em 2014, os 21 locais de coleta têm águas ruins ou péssimas

Por Da Redação
28 jun 2022, 13h08

Durante o isolamento social provocado pela pandemia de Covid-19, nos idos de 2020, imagens de uma Baía de Guanabara com águas cristalinas surpreenderam e animaram quem espera há anos por sua despoluição. Águas passadas. Análises feitas pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea) mostram que pela primeira vez na série histórica, iniciada em 2014, todos os 21 pontos de monitoramento de qualidade da principal baía do Rio de Janeiro registraram índices “ruim” ou “péssimo” em 2021. Foram 13 pontos classificados como péssimos e oito como ruins. Nenhum recebeu nota “regular”, “boa” ou “ótima”: todos pioraram ou permaneceram com a mesma avaliação negativa de 2019, ano em que foi divulgado o último boletim do Inea — apesar de ser anual, o serviço sofreu uma interrupção em 2020 justamente por conta da pandemia. As informações são do jornal O Globo.

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“A Cedae nunca primou pela eficiência no saneamento básico, mas sim pela distribuição de água. Esses resultados ruins da qualidade da água da baía podem ser um reflexo de anos de descaso e serviços mal executados. Ao mesmo tempo, a periodicidade não respeitada no monitoramento compromete a qualidade dos dados: além da descontinuidade (por um ano), as análises devem ser feitas na mesma época do ano e nas mesmas condições ambientais, por exemplo”, afirmou ao jornal o biólogo Mário Moscatelli.

O levantamento do Inea detalha como a qualidade da água piorou em vários trechos. Próximo ao Aeroporto Santos Dumont, por exemplo, caiu de regular em 2019 para ruim em 2021. Perto do Morro Cara de Cão, na Urca, a nota caiu de ruim para péssimo. As águas próximas aos bairros do Flamengo e de Botafogo também sofreram com uma redução ainda mais radical de qualidade, saindo de regular para péssimo. Do outro lado da ponte, em Niterói, a situação também se agravou: de regulares, a qualidade das águas perto da praia de Icaraí e de Jurujuba agora são classificadas como péssima e ruim, respectivamente. O indicador caiu duas notas na região perto da Fortaleza Santa Cruz: de regular para péssimo. Até mesmo o ponto de coleta já na área externa da Baía de Guanabara, em mar aberto, recebeu classificação ruim pela primeira vez: até então, o trecho só havia recebido as notas regular e boa ao longo de toda a série histórica.

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A análise do Inea — feita em sete datas diferentes ao longo do ano — consolida os resultados de oxigênio dissolvido, fósforo total, nitrogênio amoniacal total, nitrogênio nitrito, nitrogênio nitrato, potencial hidrogeniônico, coliformes termotolerantes e fitoplâncton.

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Em nota, a Cedae afirma que “o esgotamento sanitário nos municípios do entorno da Baía de Guanabara não é mais feito pela Cedae após a concessão dos serviços de saneamento em 2021”. O Inea, por sua vez, diz que ‘‘alguns fatores como período do ano, maior ou menor incidência de chuvas, além de ondulações, vento e amplitude das marés e presença de matéria orgânica podem influenciar na qualidade da água’’. Afirma ainda que o saneamento é atribuição das concessionárias de água e esgoto mas que, ainda assim, por meio do Programa de Saneamento Ambiental investe em ações para ampliar a coleta de esgoto nos municípios ao redor da Baía. Já a concessionária Águas do Rio afirma que, entre as ações para ajudar na despoluição da Baía, está a limpeza do interceptor oceânico, túnel responsável por captar o esgoto da Zona Sul e levá-lo para o Emissário Submarino de Ipanema. Também destaca que o Rio Carioca foi desviado ao interceptor, evitando que o esgoto despejado irregularmente no corpo hídrico chegue à Baía de Guanabara. Diz ainda que, nos próximos cinco anos, investirá  2,7 bilhões de reais para construir um cinturão de proteção no entorno da Baía.

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