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As histórias ainda não contadas de Carmen Miranda

Depois de 60 anos de morta, a Pequena Notável continua viva para fãs e colecionadores. Veja Rio teve acesso a documentos inéditos sobre a intimidade da cantora

Por Pedro Moraes
Atualizado em 5 dez 2016, 12h00 - Publicado em 5 ago 2015, 20h07
Haroldo Coronel
Haroldo Coronel (Felipe Fittipaldi/)
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Carmen Miranda dispensa apresentações. Mesmo quem não conhece sua biografia é capaz de identificar sua imagem colorida, coberta de bijuterias, balangandãs, e o indefectível turbante de frutas. A prova deste fato é que 60 anos depois de sua morte – em 5 de agosto de 1955 – sua memória permanece viva. A artista que apresentou ao mundo uma imagem do Brasil como país tropical, alegre e bom de samba ainda gera polêmica e interesse. Colecionadores ávidos por objetos, fotos e documentos que recontam sua história mantém uma rede de contatos nos quatro cantos do mundo. Uma foto autografada por ela chega a custar 700 dólares em sites de leilão na internet.

Veja Rio teve acesso com exclusividade ao acervo do colecionador Haroldo Coronel, que há mais de 40 anos reúne itens sobre a cantora. Entre os mais interessantes, ainda não conhecidos publicamente no país, foram comprados diretamente de David Sebastian, marido de Carmen que morreu 1990.  A coleção inclui o primeiro contrato assinado por Carmen com o empresário e produtor da Broadway Lee Shubert, em março de 1939, que a levou para os Estados Unidos. Há também um inventário de joias e bijuterias feito por uma seguradora em 1953. Ao todo, os objetos somavam um valor superior a 100 mil dólares na época. Aquela seria a bagagem que Carmen levaria para uma temporada na Europa.

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Os arquivos de Coronel ainda incluem contratos com a 20th Century Fox, Decca Records, a partitura assinada e com rasuras da cantora do número The Lady in The Tutti Frutti Hat, do filme Entre a Loura e a Morena (1943), além de fotos para namorados e cartas endereçadas a Shubert, em que Carmen escrevia em inglês reclamando das condições em que vivia nos Estados Unidos, e outra em que reclama de problemas de saúde enquanto estava visitando o Brasil em 1940.

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O colecionador conheceu David Sebastian durante a temporada em que viveu em Los Angeles a partir da década de 1970. “O David era uma pessoa amargurada em relação à sua história com Carmen. Ele acusava a Aurora (irmã da cantora) de não dar paz para o casal”, defende Coronel, que afirma que gostaria que sua coleção fosse direcionada para um museu. “Sou um investidor, sei do valor do material e gostaria de vendê-lo para uma instituição que pudesse preservar e manter com acesso para o público”.

Atualmente, o acervo do Museu Carmen Miranda, no Flamengo, está sendo preparado para ser exposto na nova sede do Museu da Imagem e do Som, em Copacabana, prevista para ser inaugurada no primeiro semestre de 2016. Lá, a cantora será a única artista a ter uma sala própria. Ao lado de acervo exibido em formato multimídia, o público irá reencontrar os figurinos originais usados por ela. O material foi doado por David na década de 1960. Foi exibido algumas vezes e até que chegasse a um estado bastante degradado graças a falta de cuidados adequados.

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O diretor do Museu Carmen Miranda, César Balbi, afirma ter conhecimento da coleção de Coronel, mas garante nunca ter visto os documentos. “Este material é raríssimo. Já tentamos ter acesso, mas nunca consegui. É de conhecimento público, entre as pessoas interessadas na Carmen, que o Haroldo manteve contato com David”, explica Balbi. Maria Paula Richaid, filha de Aurora Miranda, sobrinha de Carmen, que administra a imagem da tia, não conhece o conteúdo deste acervo. “Minha mãe dizia que muita coisa ficou com o David. Joias, poços de petróleo, a casa de Beverly Hills. Gostaria muito de conhecer esse material”, afirma. 

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