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Deborah Barrocas ajudou a fundar uma ONG

O projeto presta assistência à população de rua

Por Heloiza Gomes
Atualizado em 23 dez 2016, 00h00 - Publicado em 23 dez 2016, 00h00
Debora Barrocas
Debora Barrocas (Felipe Fittipaldi/)
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Todas as terças-feiras, a dentista Deborah Barrocas, 30 anos, tem um compromisso: encontrar-se com moradores de rua, na tentativa de dar-lhes de volta a dignidade e a cidadania perdidas. E trata-se de algo tão sério para ela que não há nada nem ninguém que a faça perder uma dessas ocasiões — não importa que seja Natal, réveillon ou Carnaval, ela está sempre a postos na praça Cazuza, no Leblon, e na Nelson Mandela, em Botafogo. “Em breve, iremos também a Copacabana”, adianta Deborah, que não fala no plural à toa. Afinal, as “visitas” são feitas sempre na companhia dos parceiros da ONG Projeto Ronda Urbana de Amigos Solidários (Ruas), que ela fundou com o engenheiro Murilo Sabino e a administradora Alini Fernandes. “A iniciativa existe desde 2014 e começou com um amigo que saía sozinho distribuindo sanduíches pelas ruas do Leblon. Aí, a coisa cresceu e, em setembro deste ano, nasceu a ONG”, explica.

“Conviver com eles é uma troca muito rica: faz você rever seus valores”

A ação é simples. Os cerca de quinze voluntários do projeto vão aos pontos de encontro levando comida, roupas, objetos de higiene pessoal e informação. “Fazemos rodas de conversa sobre diversos assuntos e levamos profissionais, como psicólogos e sociólogos, para darem palestras”, conta Deborah. Além do bate-papo, o grupo presta auxílio em questões práticas. “Nós os ajudamos a tirar documentos, procuramos centros de reabilitação, emprego e até ligamos para alguém, quando eles pedem”, detalha, referindo-se ao conjunto de iniciativas como “um choque de amor e empatia”.

Para levar o projeto à frente, Deborah e seus companheiros contam com doações de pessoas físicas e com a verba arrecadada de bazares que eles organizam. Um esforço que gera resultados concretos. “Um exemplo é o Dener Ferreira. Conseguimos para ele vaga em uma casa de reabilitação. Ele ficou internado durante nove meses. Hoje, está empregado, fora da rua há um ano e tornou-se voluntário na equipe”, conta a dentista, que, em breve, pretende expandir o projeto, alugando casas e cedendo-as para que duas ou três pessoas recomecem a vida. “Há muito preconceito. Acham que eles são vagabundos. Mas não é nada disso. É que é difícil sair das ruas, falta oportunidade. Conviver com eles é uma troca muito rica: faz você rever seus valores. Por isso, tenho duas paixões — a solidariedade e a odontologia.”

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