Cristina Oldemburg monta bibliotecas em comunidades carentes
A produtora cultural já fez 829 bibliotecas no Brasil, sendo vinte no Rio, em lugares como o Morro da Mineira, o Morro Santa Marta e a Favela do Jacaré
Cristina Oldemburg, 59 anos, nasceu em Cavalcanti, no subúrbio carioca, onde a mãe, Wanda Oldemburg, dirigia a Escola Municipal Levy Neves. Desde criança, acompanhou o esforço dela para desenvolver diversas ações com seus alunos, muitas com o objetivo de incentivar a leitura. Cristina cresceu, formou-se em educação física, deu aula de folclore por quinze anos, virou produtora cultural e criou a própria empresa de projetos. Mas as iniciativas da mãe nunca lhe saíram da cabeça, e, há treze anos, ela resolveu que estava na hora de dar uma contribuição mais efetiva à sociedade. Para isso, buscou o apoio dos governos federal, estadual e municipal, e decidiu montar bibliotecas pelo país em áreas carentes que não teriam acesso a esse tipo de espaço. “Já fizemos 829 bibliotecas no Brasil, sendo vinte no Rio, em lugares como o Morro da Mineira, o Morro Santa Marta e a Favela do Jacaré. Esta, inclusive, recebeu um acervo da escritora Nélida Piñon”, conta a produtora, sem esconder o orgulho. Mas o projeto vai além de empilhar livros em prateleiras. “Damos um curso de capacitação para pessoas da própria comunidade e formamos agentes de leitura, para trabalhar os livros com as crianças, além de promover debates e palestras”, detalha.
“Além de formarem leitores, as bibliotecas são uma ferramenta de relacionamento entre a escola e o seu entorno”.
As comunidades que recebem a ação são escolhidas de acordo com o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) — o foco são as que têm o indicador mais baixo. As escolas locais e associações de moradores cedem o espaço, e Cristina e sua equipe fazem o resto. “Muito além de formarem novos leitores, as bibliotecas são uma ferramenta de relacionamento entre a escola e o seu entorno”, defende ela. Para continuar investindo no incentivo à leitura entre jovens e adultos, neste ano Cristina vai além do espaço físico, organizando a primeira edição da Festa Literária da Serra Imperial (Flisi), no Museu Imperial, em Petrópolis. “O tema será memória, porque as pessoas precisam conhecer sua história, até para entender o que está acontecendo no país de hoje”, adianta Cristina. O evento está previsto para acontecer de 15 a 17 de abril, com entrada franca.
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