Como prisão de Zinho impacta a guerra das milícias no Rio de Janeiro
Polícia acredita que quadrilha está desarticulada e adversários no crime vão tentar o domínio de regiões sob o comando do bandido preso
Com a rendição do bandido e miliciano Luis Antônio da Silva Braga, o Zinho, que se entregou à Polícia Federal no domingo (24), o jogo de força pode mudar no xadrez do crime no Rio, com possibilidade de mais confrontos e mortes.
+ Ressaca vem aí: praias do Rio terão ondas de até 3 metros no pré-Réveillon
Zinho era considerado o bandido mais procurado do estado, e a polícia acredita que seus rivais podem se aproveitar do momento tomar o comando das áreas em conflito na Zona Oeste e na Baixada Fluminense. Os investigadores acreditam que o chefão tenha designado um sucessor nos negócios.
“Uma milícia como essa não se estabelece no Rio, dominando quase um terço do território da cidade, sem conexões poderosas. Então, o Zinho tem muito a dizer. E a gente espera que ele fale”, disse o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Ricardo Cappelli, ao jornal O Globo.
Após trâmites burocráticos, Zinho foi transferido para o presídio Bangu 1, no Complexo de Gericinó, com escolta de aproximadamente 50 homens. Ele permanece em uma cela de seis metros quadrados, ainda sem acesso ao banho de sol e com refeições servidas no próprio local.
Há outros 11 milicianos na área reservada em que ele está, incluindo Taillon de Alcântara Pereira Barbosa, acusado de chefiar a milícia de Rio das Pedras e com quem bandidos teriam confundido o médico Perseu Ribeiro de Almeida, em outubro, na Barra da Tijuca, no ataque que acabou com três ortopedistas assassinados.
+ Para receber VEJA RIO em casa, clique aqui
O poderio de Zinho já teria começado a ruir por ele não ter mantido a quadrilha coesa após a morte de Ecko, baleado por policiais civis. Anos antes, o outro irmão dele, Carlinhos Três Pontes, já tinha sido morto pela polícia. Ecko havia fechado acordos com outros paramilitares, num período marcado pela expansão do grupo. Sem que Zinho tenha sustentado esse quadro, criminosos que ocupavam cargos de gerência na antiga estrutura passaram a reivindicar seu quinhão, em áreas como Jacarepaguá e Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste. Atualmente, pelo menos cinco grupos disputam o território que antes era dominado por Ecko.