Livros em homenagem aos 450 anos do Rio voltam às prateleiras
Parte da comemoração dos 450 anos do Rio, projeto resgata livros já esgotados e lança obras inéditas sobre a cidade
As três imagens desta página dizem muito sobre o processo de evolução da Zona Sul carioca. A fotografia maior mostra a Ipanema da década de 50, com mais árvores do que carros rodeando a Praça Nossa Senhora da Paz. Abaixo, em um registro ainda mais antigo, do início do século XX, confirma-se que, sim, havia praias em volta da Lagoa. E o mapa de 1898 revela os velhos nomes (que caíram em desuso) de ruas de Copacabana e do Arpoador. Fazem parte do livro A Fazenda Nacional da Lagoa Rodrigo de Freitas, do museólogo Cau Barata. Projeto da pouco conhecida editora Cassará, essa obra talvez viesse a ser esquecida logo após o seu lançamento, previsto para janeiro. Mas terá com certeza maior repercussão e uma vida mais longa: foi incluída no Programa de Fomento Carioca, iniciativa da Secretaria de Cultura, em sua terceira edição, desta vez em parceria com o Comitê Rio450 — daí que o lote de livros contemplados tenha um conceito memorialístico, sem deixar de lado o propósito de gerar reflexões sobre o Rio de hoje. Para quem se interessa pela História, com agá maiúsculo, da cidade, a coleção é um deleite.Chamada formalmente de Biblioteca Rio450, ela replica projeto semelhante, de 1965, quando das comemorações dos 400 anos de nossa fundação. Inclusive, uma das obras agora relançadas vem daquele ano, com título que remete ao palavreado de antanho: A Muito Leal e Heroica Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, organizada pelo bibliófilo Raymundo de Castro Maya e pelo historiador Gilberto Ferrez, livro raro, referência na área de iconografia. Entre os títulos inéditos que conquistaram a chancela do programa, além do já citado estudo sobre a Zona Sul, encontram-se pesquisas as mais variadas, como uma investigação sobre guias de turismo, um tratado sobre bares famosos e um resumo dos últimos cinquenta anos dos desfiles das escolas de samba.Foi um grupo de intelectuais, liderados por Marcelo Calero, presidente do Comitê Rio450, que escolheu as obras contempladas pelo programa, merecedoras de apoio institucional e financeiro para edição e distribuição. A maioria dos títulos chegará às prateleiras no início de 2015, mas não apenas livros físicos entraram no lote. Entidades que mantêm sites e portais, como o Centro de Memória Virtual da Serrinha (que se debruça sobre as origens do jongo), também marcam presença na lista.Esse passeio histórico por milhares de páginas (sejam de papel, sejam digitais) faz parte do pacote de eventos que visa a badalar o próximo aniversário da cidade — fundada em 1º de março de 1565 pelo militar português Estácio de Sá. Serão, da virada do ano até o primeiro trimestre de 2016, catorze meses seguidos de espetáculos, mostras e debates. O ápice se dará no mês do aniversário. “O bom é que março que vem tem cinco domingos”, comemora Calero, já listando os temas abordados em eventos a ser realizados nos fins de semana de março próximo, como solidariedade, esporte e música. Tem tudo para ser uma grande festa, e a torcida é para que, no futuro, o aniversário de 450 anos do Rio seja tão bom que também acabe virando tema de livros.