Cineasta portuguesa produz documentário sobre empresas lusas
Correspondente no Rio conta histórias sobre o Real Gabinete, a Travessa do Comércio, restaurantes e padarias
Era uma vez uma cineasta portuguesa que, em 2010, deixou sua terra natal para dividir-se, como jornalista correspondente em nosso país, entre São Paulo e Rio. Ou lá, ou cá, sempre passou pela sua cabeça a vontade de fazer um documentário sobre a migração de seus patrícios para o Brasil, com foco nos meados do século XX e nos dias atuais. Como um tio-avô havia desembarcado no Rio, provavelmente na década de 50, ela escolheu a cidade para ser o pano de fundo de seu filme. Mas o inusitado desse enredo não para por aí. A história da produção conduzida por Vanessa Rodrigues — nascida na cidade do Porto — ganha contornos ainda mais curiosos quando se sabe que ela já está gravando o longa (desde o início deste mês) mas até agora não identificou o paradeiro de seu parente, apenas ouvindo falar, por terceiros, que ele se encontra adoentado. Com ou sem o tio, a diretora começou a rodar Batismo de Terra, e pensa em entrevistar pelo menos mais cinco personagens para ajudar a compor o Rio de então e contar a difícil chegada dos portugueses a uma nação estrangeira. Ela vai se valer de imagens de lugares como a Travessa do Comércio (o roteiro frisará que a cantora Carmen Miranda morou ali) e o Real Gabinete Português de Leitura, os dois no Centro (ao lado, esses ambientes em fotos de 1970), além do Palácio São Clemente, em Botafogo, onde funciona o consulado de Portugal, com pedras na calçada formando o brasão da bandeira lusa. Pequenos estabelecimentos, como padarias e restaurantes, e mesmo empresas de ônibus também aparecerão na tela. “Quando cheguei pela primeira vez ao Rio, tive a plena sensação de estar em casa”, diz Vanessa. A obra fica pronta em 2016, com oitenta minutos de duração.