Para conseguir que Júlia Andrade Cathermol Pimenta passasse um mês na casa do empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond sem levantar suspeitas sobre o seu sumiço, a cigana Suyany Breschak enviou um áudio com conteúdo falso usado pela amiga e cliente para enganar o namorado, Jean Cavalcante de Azevedo. As duas estão presas por envolvimento na morte de Ormond, envenenado com um brigadeirão. A polícia acredita que Suyany é a mandante do crime.
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O áudio chegou à 25ª DP (Engenho Novo) através de Jean, que alega ter sido enganado pela namorada. A gravação passou por um perícia audiográfica, que constatou que a voz é de Suyany. Nas mensagens, ela se apresenta como “Nat” e pede para Júlia cuidar de seus filhos durante um mês. Para isso, oferece R$ 5,5 mil por criança, sendo que uma teria deficiência. “Oi Ju, tudo bem? Sou eu, a Nat. Desculpa estar te mandando áudio. Você sabe que é uma pessoa que eu confio pra caramba e a minha mãe não está muito boa. Ela está com uns problemas de cabeça, está agredindo as pessoas e não está se dando com irmão nenhum, ninguém quer internar ela”, diz Suyane no áudio. Ela conta que está divorciada e sozinha para cuidar dos supostos filhos. “Você pode ficar com eles pelo menos um mês? Eu te pago por criança R$ 5,5 e eles vão para escola todo dia. Também vou estar pagando o seu aluguel. Pago também o plano de saúde e aqui as coisas são fartas”. Por fim, a cigana pede para que Júlia não tenha acesso ao celular: “Eu sei que está chegando o seu aniversário, só que realmente preciso que dê atenção a eles até pelo outro ter problema e cuidar dos cachorros também. Peço que você não fique em telefone, que você dê mais atenção para eles. Não sair, não deixar eles”.
Através de uma carta enviada da prisão a um ex-namorado, Júlia Cathermol disse que foi ameaçada e coagida família da cigana Suyany Breschak durante o tempo em que ficou com a vítima. A suspeita alegou ainda que estava “fraca mentalmente” e que sofreu uma “lavagem cerebral”. A versão se alinha à hipótese dos investigadores de que Suyany é a mandante do crime e com influência espiritual sobre Júlia. A Polícia Civil instaurou um novo inquérito para apurar as denúncias. O caso é investigado como coação no curso do processo pela 25ª DP (Engenho Novo).
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Entenda o caso
Luiz Marcelo Antônio Ormond, de 44 anos, que foi encontrado morto no dia 20 de maio no apartamento onde morava, na Zona Norte. O corpo estava em estágio avançado de decomposição, mas uma marca que indicava um possível golpe na cabeça fez com que os agentes registrassem o caso como morte suspeita. Segundo o delegado do caso, Marcos Buss, o empresário foi morto após ter comido um brigadeirão envenenado com medicamento à base de morfina feito pela namorada, a psicóloga Júlia Andrade Cathermol Pimenta, de 29 anos, que reatara um namoro com a vítima. Ela teria interesse na herança do empresário. Suyany Breschak foi presa na sequência, por suposto envolvimento no crime. A mulher se identifica como cigana e seria “orientadora espiritual” de Júlia. Segundo Suyany, a namorada da vítima deve R$ 600 mil a ela por diversos trabalhos espirituais.