Carta ao leitor: plantando esperança
Como as substâncias extraídas da maconha com fins medicinais podem ajudar a aliviar vários males - e como os cariocas participam desses avanços
No dia 8 de maio, após intensos debates, a Câmara dos Deputados votou o Projeto de Lei 399/15, que dispõe sobre a legalização do cultivo da Cannabis sativa para fins medicinais e industriais no Brasil. Após ser apreciado pelo Congresso, o texto ainda precisa vencer outras etapas e — talvez a parte mais difícil — receber a sanção presidencial. Entre a ciência e o obscurantismo, avança por aqui o debate sobre o uso terapêutico de substâncias encontradas na maconha, uma realidade em cerca de quarenta países, como Canadá, Estados Unidos e Israel. O vaivém nos gabinetes de Brasília é acompanhado com atenção em Paty do Alferes, cidade na serra fluminense que abriga a primeira fazenda de maconha do estado. VEJA RIO visitou a propriedade, onde crescem 1 000 pés da planta, matéria-prima para a produção do óleo distribuído aos afiliados da Associação de Apoio à Pesquisa e Pacientes de Cannabis Medicinal (Apepi).
A empreitada no interior do Rio é tocada pela advogada carioca Margarete Brito, que em 2016 conseguiu o primeiro habeas-corpus para o autocultivo e, desde então, vem lutando pelo acesso democrático ao uso terapêutico da planta. A ciência mostrou que substâncias provenientes da Cannabis produzem resultados consistentes no tratamento de autismo, epilepsia, esclerose múltipla, dores crônicas e Parkinson — além de evidências promissoras contra mais doenças. Esta edição também celebra o saber em outras matérias. Joga luz sobre projetos de pesquisa da UFRJ que, em meio à crise na universidade, germinam e trazem progresso para a sociedade, e apresenta uma turma de influenciadores digitais da favela que está vencendo barreiras e voando alto. Por último, mas não menos importante, comemoramos o cinquentenário do álbum Construção, um marco na discografia de Chico Buarque — que também sabe tudo. Boa leitura.
Fernanda Thedim
Editora-chefe
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