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Tudo vira bolinho

Pratos tradicionais da cozinha se transformam em salgadinhos nas mãos dos quituteiros cariocas

Por Rachel Sterman
Atualizado em 5 jun 2017, 14h10 - Publicado em 13 fev 2013, 20h24
Rio foto
Rio foto (Redação Veja rio/)
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À primeira vista, reunir os ingredientes e acompanhamentos da feijoada em uma massa coberta por uma fina casquinha crocante parecia uma ideia bizarra. No entanto, o bolinho criado para a primeira edição do festival Comida di Buteco, em 2008, a partir da receita brasileira mais emblemática tornou-se uma espécie de instituição da gastronomia carioca. Depois de se disseminar rapidamente por outros bares da cidade, conquistar paladares exigentes e ganhar fama internacional, ele foi o responsável por deflagrar uma nova cultura nos botecos locais, onde pratos completos podem virar um único salgado. A própria Kátia Barbosa, que assina a criação, já adaptou outras receitas ao formato, e a última a chegar é uma variação do virado à paulista, feita de feijão-carioquinha, pedacinhos de bisteca, ovo, couve e linguiça. “Eu acho o máximo essa onda, mas daqui a pouco as pessoas vão pôr até foie gras no recheio”, imagina a cozinheira.

foto Dicardo D?Angelo
foto Dicardo D?Angelo ()

A dimensão desse fenômeno pode ser constatada nos cardápios dos bares da cidade. Afinal, em muitos deles a variedade de sabores dos bolinhos já ultrapassa a dos recheios dos pastéis e empadas, dupla que sempre ocupou o posto de comida oficial de botequim. No Colarinho, em Botafogo, faz sucesso a versão de estrogonofe, em que pequenas porções do prato são empanadas e jogadas no óleo quente. A freguesia adorou. Hoje, saem por mês cerca de 350 unidades, deixando longe um ex-campeão da casa, o croquete de carne. “A valorização dos botecos tem provado como a baixa gastronomia pode ser flexível e criativa”, explica Paulo Thiago de Mello, autor das primeiras edições do guia Rio Botequim.

foto Fernando Frazão
foto Fernando Frazão ()

Pendor para a inovação é o que não falta a quem cria esses salgadinhos. No Barzinho, comandado pelo chef Fabio Battistella na Lapa, o salaminho, que era servido fatiado, foi misturado a queijo parmesão antes de ir para a frigideira. No tijucano Da Gema, a massa de aipim que envolve a mistura de linguiça e couve leva ainda banana. No Leblon, o bar Chico & Alaíde prepara, entre outras variedades, uma pitoresca versão de caruru com vatapá co­roa­do com um camarão. Nada mau para um acepipe cujas origens remontam ao aproveitamento das sobras de outras refeições.

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