“Não haverá como pagar salários de 900 profissionais”, diz reitora da UFRJ
Mais 9,4 milhões de reais do orçamento discricionário foram retidos nesta segunda (28); o orçamento real deste ano é metade do de 2015
A Reitoria da Universidade Federal do Rio de Janeiro foi surpreendida na tarde desta segunda (28) com a informação de que 9,4 milhões de reais do orçamento discricionário da universidade tinham sido bloqueados pelo governo federal. Segundo a reitora da UFRJ, Denise Pires de Carvalho, o cenário é dramático, a situação é “muito grave” e, se o bloqueio não for revertido, não haverá como pagar os salários de cerca de 900 profissionais extraquadros que complementam a mão de obra do Complexo Hospitalar e da Saúde da UFRJ, que conta com nove unidades, entre eles o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, o maior do estado do Rio em volume de consultas ambulatoriais, e a Maternidade Escola da UFRJ.
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“Além disso, o novo bloqueio afeta cerca de 2 milhões de reais que seriam investidos na conclusão de módulos laboratoriais do Museu Nacional/UFRJ”, acrescenta Denise. Sim, porque, em outubro, a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) denunciou um bloqueio de 328 milhões reais nas verbas já previstas para o ano e alertou que o funcionamento das universidades seria inviabilizado se o contingenciamento fosse mantido. Na ocasião, o MEC afirmou que não houve cortes.
De acordo com o pró-reitor de Planejamento, Desenvolvimento e Finanças da UFRJ, Eduardo Raupp, espera-se que o desbloqueio ocorra o quanto antes, uma vez que o novo bloqueio compromete licitações em andamento. “No momento, a UFRJ empenhou todo orçamento possível e não conseguiu cobrir integralmente as despesas de outubro, muito menos de novembro e dezembro. As consequências podem ir desde paralisações pontuais de serviços até a confirmação de um déficit de mais de 100 milhões de reais que terá que ser atacado com o orçamento menor de 2023. Com certeza, isso tem impedido que façamos novas contratações programadas, como na área de combate a incêndios, manutenção predial, conservação de áreas verdes e muitas outras”, explica Raupp.
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A UFRJ informa que abriu o ano de 2022 com o orçamento discricionário defasado, de 329.290.643 milhões de reais, que não corrigia as perdas inflacionárias em relação a 2021, e ainda teve 23 milhões de reais cortados, caindo para 308 milhões. “No mês de setembro, a instituição teve cerca de 18 milhões de reais bloqueados e, após pressão das universidades e do movimento estudantil, o MEC reverteu os bloqueios. Apesar de a ação ser revertida, o orçamento real deste ano é metade do de 2015“, diz a universidade.