Dez motivos para visitar o Porto
Com espetáculos teatrais a preços baixos, concorridas noites embaladas pelo samba e novas áreas de lazer atraem público e trazem a região portuária de volta ao cenário cultural carioca
Porta de entrada de africanos e europeus por trezentos anos, a região portuária entrou em declínio na segunda metade do século XX e por décadas ficou ao Deus dará. Fora do roteiro cultural para a maioria dos cariocas, bairros como o Santo Cristo, a Gaboa e a Saúde assistiram seu casario histórico se deteriorar, enquanto a fuga de moradores e visitantes espantava novos investimentos.
O panorama começa a mudar lentamente com o início das obras de revitalização do Porto, uma das promessas para a realização da Olimpíada de 2016. Ainda longe de serem concluídas, as intervenções, no entanto, atraem de volta público e empreendedores. Com um ano de vida, o Galpão Gamboa é um exemplo de como a vida retornou com força ao Porto. Dirigido pelo ator Marco Nanini e o produtor Fernando Libonati, o espaço exibe algumas das peças mais badaladas do circuito Centro-Zona Sul. Entre os espetáculos confirmados está, por exemplo, o monólogo O Filho Eterno, vencedor dos prêmios Shell e APTR de Teatro na categoria melhor ator.
Na gastronomia, representantes da legítima culinária carioca dividem as atenções empreendimentos abertos recentemente. Novato naquela área, o Focaccia foi eleito duas vezes o melhor sanduíche da cidade, segundo o júri da edição especial “Comer & Beber” de VEJA RIO. Fica na Rua Acre, perto da Praça Mauá, sua maior loja. Já bar Angu do Gomes serve a tradicional mistura à base de fubá, linguiça e miúdos de boi, conhecida pela boemia carioca desde os anos 60.
As novidades continuam ao longo do ano. Até julho, será aberta uma parte do Museu de Arte do Rio, o MAR. Foram investidos 43 milhões de reais no prédio de arquitetura ousada que, quando estiver pronto, abrigará mostras de arte brasileira e internacional. Ícone da área, o edifício A Noite também entrou em obras. Com seu estilo art déco, foi o primeiro arranha-céu do país e terá os 22 andares modernizados, num processo conhecido como retrofit. Sede da Rádio Nacional desde os anos 40, contará com um centro cultural quando for reinaugurado.
Para ajudar a redescobrir os caminhos esse cantinho outrora esquecido da cidade, confira dez atrações, algumas novas, outras centenárias, que valem a visita.
1- Jardins do Valongo. Concluídas em junho, as obras prometem dar fim ao abandono deste recanto tombado como patrimônio histórico. Localizado na encosta do Morro da Conceição, o jardim suspenso tem 1600 metros quadrados e foi inaugurado em 1906. Faz parte do investimento de 139 milhões em 27 vias do porto prometido pela prefeitura. Chegando ao final, no alto do morro, tem-se uma vista panorâmica da Central do Brasil.
2- Focaccia. Abriu sua quarta e maior filial, com capacidade para 120 pessoas. Possui desde almoços para os executivos que circulam por ali até o premiado sanduíche servido na focaccia, com vasta variedade de recheios como o pavia, com gorgonzola e mel.
Onde: Rua Acre, 51, Centro, tel. 2233-6859.
3- Galpão Gamboa. Espetáculos de qualidade por preços menores que os cobrados na Zona Sul. Neste mês, em cartaz a peça Murro em Ponta de Faca, de Augusto Boal e direção de Paulo José. Onde: Rua da Gamboa, 279, Zona Portuária, tel. 2516-5929. Dias 5, 12, 19 e 26 de maio às 21h e 6, 13, 20 e 27 de maio às 20h. R$ 10,00.
4- Pedra do Sal. Ponto de compra e venda de escravos até o século XIX (veja um vídeo sobre a Pedra no Youtube), já foi chamado de Pequena África e hoje, abriga uma famosa roda de samba. Na próxima festa, dia 21, haverá uma homenagem ao sambista Djalma Sabiá, integrante da velha guarda do Salgueiro.
Onde: no Largo João da Baiana, subida para o Morro da Conceição. Segundas, 19h. Grátis.
5- Trapiche Gamboa. Próximo à Pedra do Sal, o bar também funciona como ponto de encontro de apreciadores do samba. Eleito em 2009/2010 com o melhor música ao vivo no prêmio “Comer & Beber”, conta com apresentações de grupos de jongo às quintas e de samba às sextas e sábados, quando tem shows da banda Galocantô.
Onde: Rua Sacadura Cabral, 155, Praça Mauá, tel. 2516-0868.
6- Angu do Gomes. Quem gastar suas energias dançando pode repor com essa delícia da culinária carioca, à base de fubá, linguiça e miúdos de boi. Entre os tira-gostos, há sequinhas porções de pastel de angu recheado de frango, como os mostrados na foto.
Onde: Largo de São Francisco da Prainha, 17, Saúde, tel. 2233-4561.
7- Mosteiro de São Bento. Trata-se de uma das mais antigas construções do Rio. Inaugurado em 1585, apenas 20 anos após a fundação da cidade, tem fachadas singelas, mas seu interior é deslumbrante, com decoração barroca recoberta por ouro. Chama atenção ainda os lampadários de prata criados por Mestre Valentim, cada um pesando 227 quilos.
Onde: Rua Dom Gerardo, 68, Centro, tel. 2206-8100. Visitação diária, das 7h às 18h. Missas de segunda a sábado, às 7h30, e domingos, às 10h e às 18h.
8- Gracioso. Conhecido como Gaiato da Veiga até o início da década de 60, funciona nas proximidades da Pedra do Sal. Charmosa, a decoração deste botequim conserva elementos tradicionais dos antigos botecos, como uma imagem de São Jorge e a parede de azulejos.
Onde: Rua Sacadura Cabral, 97, tel. 2263-5028.
9- Cine Botequim. Nem só de samba vive a zona portuária. Neste bar, os amantes do cinema podem assistir a filmes cult ou pipoca. Na próxima sexta, por exemplo estão em cartaz os longas Caindo na Estrada e Teenagers, as Apimentadas. Na segunda, a programação é de curtas e documentários.
Onde: Rua Conselheiro Saraiva, 39, Centro, tel. 2253-1414.
10- Bar e Galeria Imaculada. Além do almoço servido diariamente, o bar instalado na ladeira do Morro da Conceição tem cantorias de jazz, samba e MPB . O ambiente é charmoso e conta com exposições de artistas da região – foram 17 pequenas mostras desde a inauguração, em 2010.
Onde: Ladeira João Homem, 7, Morro da Conceição, tel. 2253-3999.