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Ativistas de direitos humanos criticam execução de homens pela PM

O vídeo gravado por um morador mostra o momento em que os dois homens, feridos e caídos na calçada, recebem tiros de dois policiais militares

Por Agência Brasil
31 mar 2017, 12h05
 (Reprodução/Veja Rio)
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A cena da execução de dois homens por policias militares, na tarde desta quinta-feira (30), no bairro de Fazenda Botafogo, na zona norte do Rio, foi duramente criticada por ativistas de direitos humanos. O vídeo gravado por um morador mostra o momento em que os dois homens, feridos e caídos na calçada, recebem tiros de dois policiais militares. No local havia ocorrido um tiroteio entre PM e traficantes, que resultou na morte da estudante Eduarda Alves da Conceição, de 13 anos, atingida por uma bala perdida, quando fazia aula de educação física na quadra da Escola Municipal Jornalista Daniel Piza, que fica no bairro.

A pesquisadora de Violência Institucional da organização Justiça Global, Monique Cruz, considera que está havendo um acirramento da violência praticada por policiais no estado. “Esta situação significa a continuidade de algo que já vem ocorrendo faz alguns anos. A violência policial e as execuções são uma prática recorrente e institucionalizada no Rio de Janeiro. Somente em janeiro e fevereiro deste ano foram mortas 182 pessoas por intervenção policial nas favelas”, disse a pesquisadora da Justiça Global.

A assessoria de imprensa da Polícia Militar esclareceu que o comando da Corporação teve conhecimento do vídeo que circula nas redes sociais e mostra a atuação de policiais militares na área da Fazenda Botafogo na tarde desta quinta-feira. Segundo a nota, em virtude do que é exposto, o Comando-Geral determinou que a Corregedoria Interna da Polícia Militar assuma a “apuração da flagrante ilegalidade” e responsabilize os envolvidos.

Para o ativista social Antônio Carlos Costa, do Movimento Rio de Paz, seria necessário uma intervenção federal no estado, principalmente com aporte de recursos, para responder à situação de violência. “Nós chegamos a um ponto de descontrole. Estamos diante de um estado falido, descobrimos que uma facção criminosa, presente nos três poderes, levou o estado à falência. O projeto da UPP entrou em colapso e agora estamos vivendo em um cenário de completa desorganização, que tende a piorar se decisões céleres não forem tomadas. Os policiais estão trabalhando com os nervos à flor da pele, sem nenhuma estrutura, o tráfico retomou o fôlego e o moral e estamos diante de um quadro caótico e sem comando. Tem que haver uma ação de cima, envolvendo a União”, apontou Costa.

Segundo ele, os policiais militares, que têm baixa remuneração e ainda recebem os salários com atraso ou parcelado, também acabam sendo vítimas do sistema, pois muitos também morrem no enfrentamento da criminalidade. “É pobre matando pobre”, sentenciou.

O deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa (Alerj), afirmou que vai cobrar da Secretaria de Segurança uma ação imediata contra a violência policial. “Nós acabamos de fazer uma Comissão Parlamentar de Inquérito sobre autos de resistência e espero que a Assembleia Legislativa possa votar o relatório final. A situação é muito grave. Só em fevereiro a polícia matou 80 pessoas. Temos uma polícia que morre muito, foram 45 só este ano, e que mata muito. É o resultado de uma insegurança pública construída nos últimos dez anos. Precisamos que o Ministério Público e a Justiça investiguem e não arquivem os casos”, disse Freixo.

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