Artistas coxinhas e mortadelas se reúnem para debater política
Esquerdistas como Wagner Moura e Caetano Veloso chegam a denominador comum com a direita de Marcelo Serrado e Márcio Garcia e pedem união do povo
Assim como no futebol, o Brasil está vivendo uma dividida de bola digna dos clássicos, mas o campo aqui é outro: o da política. De um lado estão os esquerdistas presumidamente defendendo os direitos do povo. Do outro, a direita que representa as elites. O fato é que está todo mundo cansado de correr atrás do gol. “Ninguém aguenta mais o país rachado pela polarização política. Desgasta demais”, diz a produtora Paula Lavigne, que vem abrindo as portas de seu apartamento, em Ipanema, na tentativa de promover debates construtivos, ao invés da desunião, entre a classe artística.
Na última quarta (31), se desenrolou o primeiro encontro do time #NãoVaiTerGolpe – Caetano Veloso, Wagner Moura, Letícia Sabatella – com a equipe do #MoroBloco, formada por integrantes como Marcelo Serrado, Márcio Garcia e Christiane Torloni. A reunião transcorreu das 21h às 1h30 da manhã, sem picuinhas. “Cada um trouxe um vinho”, conta Paula. No cardápio, nada de coxinha e mortadela. Fez sucesso a torta de frango levada pela esposa do músico Tico Santa Cruz, da banda Detonautas. Tudo muito civilizado. “Não nos encontramos para brigar ou falar de Dilma, Lula e Aécio. Isso já é passado. Queremos debater o futuro”, explica a mulher de Caetano, que revela não ter votado nem na Dilma nem no Aécio nas últimas eleições – “Não consegui sair de casa para votar nesses candidatos. Tenho a minha multa aqui, qualquer dia vou postar na internet”.
De repente, se viram todos unidos em torno de uma causa em comum: a cassação do presidente Michel Temer. “No fim do encontro, todos se abraçaram e se beijaram, emocionados. Foi muito bonito”, conta Paula. Letícia Sabatella publicou uma foto da reunião no Instagram e escreveu: “Mesmo com todas as nossas diferenças de pensamentos, provamos que podemos dialogar e nos respeitar uns aos outros. Isso é democracia. Saímos desse encontro com o desejo em comum de ver Temer cassado no próximo dia 6 para que possamos dar os próximos passos. #TemerJamais”.
Santa Cruz endossou: “Precisamos deixar esse RACHA ideológico de lado e voltarmos a conversar de forma respeitosa para pensamento junto o Brasil que queremos. Com isso desejamos sinalizar a sociedade, aos familiares, as pessoas que brigaram com seus amigos e parentes que agora é hora de nos unirmos por aquilo que temos em comum e deixar nossas diferenças de lado. Concordamos em algumas pautas em outras não, mas política é isso! É isso que a sociedade precisa voltar a exercitar – o DIÁLOGO!”.
É bem verdade que há divergências, como o fato de um grupo ser a favor das eleições diretas caso Temer caia, e o outro não, mas a mensagem que fica é de comunhão.
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Nesta quinta (1º), Paula Lavigne convocou nova reunião em seu apartamento. Dessa vez, com a presença do deputado Alessandro Molon e do senador Randolfe Rodrigues, ambos do partido Rede. “Eles não têm a rejeição que outros políticos têm, e não estão se candidatando à presidência. Então, formam uma boa dupla para disseminar conhecimento e tirar dúvidas. Eles são nosso Batman e Robin”, afirma a produtora. “Ninguém sabe direito o que acontece se o Temer for cassado. E se nós, formadores de opinião, estamos confusos com toda essa situação, imagina o povo”.
Em vídeo gravado por Paula, Randolfe Rodrigues opinia por que Temer precisa cair (abaixo). Na legenda, a mulher de Caetano indaga: “Vocês estão ligados no dia 6 de junho? O que pensam?”