Nascido no Paraná, o cantor, compositor e multi-instrumentista liderou a vanguarda paulista, movimento que, no alvorecer da década de 80, trouxe um sopro de renovação à música popular brasileira. Mesmo sem fazer sucesso comercial, seu repertório experimental chegou ao programa do Chacrinha e foi apresentado, em noite conturbada, no Morro da Urca. De volta à cidade depois de quatro anos, para fazer três espetáculos no Oi Futuro, ele não abandona o espírito provocador e alfineta a Blitz. “A primeira vez
que escutei, achei que fosse Itamar Assumpção”, diz.
Por que, depois de trinta anos de carreira, só agora você vai lançar um trabalho como intérprete? É um DVD dedicado a Lupicínio Rodrigues que sai no fim de outubro. Comecei a desculpar mais os meus próprios erros. Ficava mal quando fazia alguma coisa malfeita. Agora, mesmo se eu desafino acho que vale a pena, porque é uma interpretação bastante pessoal. No show também mostro músicas de outros autores, como Roberto Carlos, Caetano e Chico.
Como costuma ser a recepção carioca às suas apresentações?
É uma plateia qualificada, vai muito músico. A qualidade da compreensão é melhor até do que a de São Paulo. Mas a primeira vez que vim foi um desastre. Foi por um erro da divulgação. Era no Morro da Urca,
as pessoas queriam dançar, então começaram a reclamar. Depois que uma cantora da banda foi atingida
por uma lata de cerveja, eu disse: “Os ouvidos da província não estão preparados para os sons da metrópole”.
Há quem compare o seu jeito de cantar na música Uga Uga com o da Blitz, que estourou no Rio também nos anos 80?
Comecei minha carreira em 1981 e eles vieram em 1983. Acho o trabalho deles mais parecido com as coisas que o Itamar Assumpção fazia. A temática é diferente, mas o jeito é parecido. A primeira vez que escutei, achei que fosse Itamar Assumpção. Fiquei superanimado porque achava que o Itamar estava finalmente tocando nas rádios. Percebi que não era quando ouvi alguma coisa sobre chope e batata frita.