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Arrecadação com patrocínio privado para o Carnaval bateu recordes

Mesmo com as disputas, crises e o chororô generalizado, foram arrecadados 38,5 milhões para a festa em fevereiro

Por Renata Magalhães
Atualizado em 2 fev 2018, 17h09 - Publicado em 2 fev 2018, 17h08
Monobloco
Desfile do Monobloco no Centro: multidão nas ruas (Fernando Maia/Divulgação)

Em meio aos conturbados preparativos para o Carnaval 2018, um detalhe tem passado despercebido da maioria dos cariocas. Depois de meses de indefinições, pronunciamentos erráticos da prefeitura e palavras duras disparadas por entidades ligadas às escolas de samba e ao Carnaval de rua, percebeu-se que, pelo menos em um aspecto, o cenário não é tão feio quanto se imagina. Se até meados de outubro pairavam dúvidas sobre o que aconteceria com o maior evento do país, que recebe 1,5 milhão de turistas e movimenta 3,5 bilhões de reais, fechadas as contas dos patrocínios para a folia obtidos pela Riotur, contabilizou-se a cifra de 38,5 milhões de reais — o maior investimento privado da história, que irrigará a festa no Sambódromo, o Carnaval de rua e os gastos da prefeitura com a cidade. Em 2017, o valor arrecadado com patrocínios, até então o maior, foi de 15 milhões de reais.

Para chegar à receita recorde, a Riotur precisou adaptar-se às circunstâncias de mercado e aos interesses dos apoiadores, o que fez com notável agilidade por meio de três chamamentos públicos. Inicialmente, a ideia era a venda de cotas — com a medida, ambicionava-se arrecadar até 56 milhões de reais. Somente a Ambev, patrocinadora oficial com a cerveja Antarctica, se interessou pelo modelo, ainda assim por uma cota menor, de apenas 8 milhões de reais. A Riotur, então, alterou o modelo inicial e acatou duas outras propostas que não estavam no escopo original: a da empresa de mobilidade urbana Uber, que investiu 10 milhões de reais através da Lei Rouanet, e a da produtora Dream Factory, que havia organizado o Carnaval de rua em anos anteriores e apresentou um caderno de encargos no valor de 25 milhões de reais em parceria com a própria Ambev (que investiu mais 16,5 milhões de reais) e com a marca de preservativos Olla. Paralelamente, a operadora de telefonia TIM agregou 3,5 milhões de reais. “A festa custa 16 milhões de reais para a prefeitura em serviços públicos. Além de ser feriado, o que eleva os salários, os funcionários precisam trabalhar em jornadas duplas para dar conta de toda a operação”, explica o porta-voz da Riotur, Rodrigo Paiva, que concedeu entrevista em nome do presidente da empresa, Marcelo Alves, em Nova York, às vésperas do início da festa.

Do volume de recursos privados arrecadados, a Liga das Escolas de Samba (Liesa) recebeu 6,5 milhões de reais, que se juntaram aos 13 milhões repassados pela prefeitura. Três milhões e meio de reais foram utilizados para melhorias na Estrada Intendente Magalhães, onde acontecem os desfiles das 56 escolas aspirantes à Sapucaí. Os blocos, que reclamam da penúria de seus desfiles, embolsarão 2 milhões de reais. “Depois de dez anos estruturando o Carnaval do Rio, decidimos voltar a nossa atenção para quem realmente faz essa festa de rua acontecer. Garantimos regras que valerão pelos próximos três anos”, promete Duda Magalhães, CEO da Dream Factory. Dentro dos outros gastos obrigatórios, estão 4 milhões em publicidade e 2,5 milhões na montagem da Arena Carnaval no Parque Olímpico — popularmente conhecida como Blocódromo, prevista para julho. O restante é destinado a infraestrutura, como 32 000 posições de banheiros públicos e o cadastramento de 10 000 ambulantes (confira detalhes abaixo).

QUADRO
(VEJA RIO/Veja Rio)
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Uma novidade no Carnaval 2018 é a contratação de 3 000 seguranças privados para dar suporte ao trabalho da Guarda Municipal e da Polícia Militar. Reflexo do cenário catastrófico vivido pelo setor de segurança pública, a medida, no entanto, é um paliativo diante da violência das cenas vistas na noite do sábado 27, quando um intenso tiroteio entre criminosos e policiais do 6º BPM (Tijuca) eclodiu próximo ao bloco Nem Muda Nem Sai de Cima, na Tijuca. A perícia preliminar identificou 41 disparos feitos de cinco armas — um deles matou um garçom de 24 anos que trabalhava em um bar nos arredores. Foco de uma escalada na violência, o bairro receberá 43 cortejos em fevereiro. Outra área de risco por causa da Rocinha, São Conrado espera 5 000 pessoas no popular New Kids on the Bloco. Reduto de frequentes assaltos, o Aterro do Flamengo é palco de seis agremiações de grande porte. Em um ano recordista em investimento privado, é inadmissível que a violência estrague a festa.

Tiroteio Tijuca
Carro alvejado na Tijuca: tiroteio em meio à folia (Uanderson Fernandes/Agência O Globo)
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