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Mais de 50 mil cariocas já estão usando o novo concorrente do Tinder

A clausura dos últimos tempos agitou o mercado de apps de namoro e deu impulso ao menor e menos conhecido Inner Circle

Por Renata Magalhães
Atualizado em 18 dez 2020, 10h26 - Publicado em 18 dez 2020, 07h00
Clubinho da paquera
Clubinho da paquera (Getty Images/Reprodução)
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Em um minuto, não mais que isso, o deslizar do dedo na tela do smartphone revela cerca de cinquenta fotos. Elas vêm revestidas da esperança de encontrar uma companhia, um parceiro. Esse tipo de procura, tão comum nestes tempos modernos, faz pensar na teoria do sociólogo Zygmunt Bauman (1925-2017), que tratou no livro Amor Líquido da superficialidade dos laços humanos na atualidade. “Os relacionamentos hoje escorrem por entre os dedos”, repisava o polonês muito antes do advento dos aplicativos de relacionamento, que hoje atraem 186 milhões de solteiros mundo afora e a toda hora ganham mais versões.

Uma delas, em especial, vem chamando atenção de uma turma nestas praias. Trata-se do holandês Inner Circle, cujo diferencial é  empreender uma varredura que aproxima gente com mais afinidades e, segundo enuncia, fazer uma “avaliação mais criteriosa dos usuários”
ó ao se registrar, é necessário aguardar uma aprovação que pode levar até 72 horas. “Além de mostrar pessoas que têm a ver com o
meu perfil, o app traz uma galera mais selecionada”, explica o engenheiro Leon Rumbelsperger, 28 anos, usuário há dois meses, nos
quais contabiliza 41 matches – quando duas pessoas se curtem simultaneamente e podem dar início à azaração virtual.

Essa espécie de clubinho da paquera, bem mais enxuto do que o gigante Tinder, o número 1 nesse nicho com 10 milhões de frequentadores no Brasil, atrai atualmente mais de 50 000 cariocas com disposição para flertar. Só nos últimos seis meses, em meio à reclusão da pandemia, os inscritos no Inner Circle praticamente dobraram. Curiosidade: os brasileiros são os vice-campeões em acesso, atrás apenas dos cidadãos do Reino Unido. Os critérios para definir quem entra e quem fica de fora não são claramente expostos pela empresa. “O processo de seleção não é uma porta secreta para um clube exclusivo. A ideia é criar uma comunidade que leva relacionamentos a sério”, explica a diretora Masha Kodden, sem mais se estender.

Os perfis cadastrados, porém, dão pistas de quem anda por lá: em geral, gente de escolaridade alta e profissionais como médicos e médicas (que aparecem em profusão), além de advogados, dentistas, engenheiros e egressos do mercado financeiro. A concentração etária se situa nas faixas mais jovens ó a idade média no app é de 33 anos. Na busca, inclusive, pode-se colocar idade preferencial, sexo, altura, a localização do crush, e ainda escolher um fumante ou não e saber se a pessoa possui filhos.

Um fator que restringe a escala do aplicativo é a mensalidade. Existe uma versão gratuita, mas ela não permite a troca de mensagens – é, portanto, como ganhar um presente e não poder tirá-lo da embalagem. Para dar seguimento ao bate-papo, é necessário desembolsar 79,90 reais por mês.

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Nos principais concorrentes, esse recurso é gratuito e, em geral, cobra-se apenas por benefícios extras, como o acesso à lista de pessoas que curtiram o perfil do usuário. Há ali mecanismos para incentivar uma interação, digamos, mais elevada. A palavra “oi” e similares, por exemplo, foram banidos para estimular abordagens mais criativas – quando um desavisado começa a conversa assim, sem imaginação,  automaticamente uma cantada engraçadinha é enviada no lugar.

Imagens sem camisa, com óculos escuros ou selfies no banheiro são proibidas, ainda que alguns burlem a regra depois de aceitos. “Não vejo no Inner Circle o assédio e o machismo que me fizeram abandonar outros aplicativos, hoje mais focados no sexo rápido e fácil”, relata a
psicóloga Andreia Parenti, 36 anos, que engatou na quarentena um relacionamento com um dos muitos advogados do app.

Os aplicativos de paquera vivem dias intensos durante a pandemia, atingindo recordes de audiência. O Tinder registrou crescimento de 25% no volume de conversas tão logo foi decretado o isolamento social. Com festas, shows e demais aglomerações suspensos, os solteiros encontraram nessas ferramentas um aliado contra a solidão.

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clubinho da paquera
Azaração virtual: mais de 50 000 cariocas já estão inscritos no app holandês (Inner Circle/Divulgação)

Seu principal concorrente, o Happn, também avançou nos números e notou mudanças no comportamento dos usuários: mais de 60% afirmaram que a clausura era uma motivação para a procura por um relacionamento sério e também para mais curtidas, matches e bate-papos virtuais. “Apesar de muita gente ainda ter preconceito, é inegável que se trata de uma ferramenta facilitadora, ainda mais neste momento”, avalia a sexóloga e youtuber Danni Cardillo. Um levantamento realizado pelo próprio Inner Circle mostra que, desde o início do isolamento, os matches e o número de mensagens enviadas triplicaram.

A indústria do namoro on-line nasceu nos Estados Unidos em 1995, com o surgimento do pioneiro site Match.com. Hoje está avaliada
em quase 3 bilhões de dólares e não há sinais de crise no horizonte. A tendência é de uma especialização cada vez maior desses aplicativos e sites, buscando públicos segmentados que vão formar microrredes – menores sim, porém mais direto ao ponto dos objetivos de seus usuários. O Namoro Católico, como o próprio nome sugere, é voltado para o encontro de cristãos.

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No Veggly, apenas veganos e vegetarianos podem entrar, enquanto o Coroa Metade se destina a uma tribo acima dos 40 anos, e o High There!, a usuários de maconha. The League, Luxy e Raya tentam promover a união de pessoas com alto poder aquisitivo ó desse último, aliás, fazem parte o cantor John Mayer, o corredor de Fórmula 1 Lewis Hamilton e o ator Channing Tatum. E assim, de match em match, muita gente vai se encontrando, se curtindo e se relacionando.

 

 

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