Antonio Seixas comanda um projeto que ensina música a jovens do Borel
Trombonista da Orquestra Sinfônica Brasileira, o música é responsável pelo projeto Sopros de Vida
Nascido e criado na Tijuca, Antonio Seixas se lembra com carinho dos anos passados no Colégio Marista São José, tradicional instituição de ensino do bairro. Foi lá que, com 12 anos, ao entrar para a banda da escola, ele teve um contato mais intenso com aquela que seria até hoje uma de suas maiores paixões: a música. Atualmente, aos 41, Seixas é trombonista da Orquestra Sinfônica Brasileira, além de diretor artístico e regente da Banda Filarmônica do Rio de Janeiro, da qual foi um dos fundadores. Há pouco mais de um ano, ele transformou seu dom artístico em uma alavanca social para crianças de baixa renda ao criar o projeto Sopros de Vida, que oferece aulas de música clássica. “Desde o surgimento da Filarmônica, em 2010, tínhamos o propósito de desenvolver alguma ação que usasse a música como ferramenta de transformação social”, conta. A ideia só tomou forma em 2013, quando o conjunto apresentou uma série de concertos didáticos em dezesseis escolas públicas do Rio. Percebendo que os alunos do Ciep Doutor Antoine Mangarinos Torres Filho, no Morro do Borel, haviam demonstrado um interesse especial pelos instrumentos, a banda optou por sediar o projeto por lá.
“Fui privilegiado por aprender música na escola. Quero que outras crianças tenham essa chance”
Logo na primeira turma, cerca de setenta alunos participaram das oficinas, que abrangem lições de percepção musical, canto coral e instrumentos de sopro, como flauta doce e pífaro. As aulas acontecem quatro vezes por semana, fora do período escolar, e são ministradas por onze músicos da Banda Filarmônica. A faixa etária dos alunos varia de 8 a 13 anos e qualquer criança da comunidade pode participar do projeto, desde que tenha bom desempenho no colégio. Para o segundo semestre, Seixas tem planos ambiciosos. “Vamos introduzir novos instrumentos, e os alunos que se destacarem poderão fazer parte da Filarmônica como estagiários”, explica. O objetivo é oferecer não só um passatempo, mas estimular a profissionalização e mostrar aos jovens que é possível viver de música. “Muitos talentos são perdidos porque as pessoas não têm acesso à arte. Fui privilegiado por aprender música na escola. Quero que outras crianças tenham essa chance.”
+ Mauricio de Sousa criou um projeto com aulas de hip-hop no Alto da Boa Vista