Allan Turnowski, ex-chefe da Polícia Civil, é preso por determinação do STF
Acusado de receber propina e colaborar com contraventores do jogo do bicho, ele nega as acusações, mas se entregou à Corregedoria Interna da instituição

Após o restabelecimento do mandado de prisão preventiva contra ele pela 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF), na última quinta (1), o ex-chefe da Polícia Civil Allan Turnowski se entregou à Corregedoria Interna da Polícia Civil, no Centro, por volta das 20h desta terça (6). Acusado de receber propina e colaborar com contraventores do jogo do bicho, ele é réu por organização criminosa. Turnowski, que sempre negou as acusações, teria tomado a decisão para evitar constrangimentos à família e vizinhos. Na manhã desta quarta (7), o ex-secretário foi levado até a Cadeia Pública José Frederico Marques, em Benfica, na Zona Norte, para passar por audiência de custódia.
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De acordo com as investigações, Allan Turnowski atuava como agente duplo, em favor dos contraventores Rogério de Andrade e Fernando Iggnácio, assassinado em novembro de 2020. Em setembro de 2022, ele já havia sido preso por agentes do Grupo de Atuação Especializada no Combate ao Crime Organizado do Ministério Público do Rio (Gaeco), do Ministério Público do Estado do Rio, mas ficou na cadeia menos de um mês.
Turnowski foi chefe da Polícia Civil entre 2010 e 2011, durante o governo de Sérgio Cabral (MDB) e deixou a pasta durante uma investigação da Polícia Federal sobre um suposto vazamento de uma operação. O caso foi arquivado por falta de provas, e em 2020, ele voltou ao posto – que passou a ser uma secretaria do governo do estado –, onde ficou até março de 2022, quando saiu para se candidatar a uma vaga de deputado federal pelo Partido Liberal (PL)
O ex-secretário foi preso em continuidade às investigações sobre o delegado Maurício Demétrio, que está preso desde 2021, acusado de corrupção dentro da Polícia Civil. Demétrio é investigado por suspeita de forjar operações para incriminar adversários e também teria participação na morte do contraventor. O ex-delegado foi condenado há quase 10 anos de prisão por obstrução de justiça. O Ministério Público Federal (MPF) recorreu da decisão em outubro de 2022, e a 2ª Turma julgou o recurso entre os dias 18 e 29 de abril desse ano, em sessão virtual.
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“Não parece faltar indícios da existência da organização criminosa da qual faz parte o paciente [Allan Turnowski], e sua atuação na suposta prática de um conjunto de delitos notoriamente conhecidos e devastadores da ordem e paz públicas do Estado do Rio de Janeiro”, afirmou o ministro Edson Fachin, na decisão da 2ª Turma que derrubou a liminar concedida pelo ministro Kassio Nunes Marques, em 2022. Gilmar Mendes e André Mendonça votaram pela prisão do delegado, enquanto Dias Toffoli e Kassio Nunes se posicionaram contra. O advogado de Turnowski, Daniel Bialski, informa que a defesa vai interpor embargos de declaração no STF e novo habeas corpus, “porque alguns temas foram omitidos, especialmente o fato do processo estar paralisado há quase um ano em diligência requerida pelo MP”. “E o mais importante, que todas as medidas alternativas foram cumpridas na integralidade, incorrendo qualquer incidente”, afirmou o advogado, segundo o portal G1.