Fundação Casa de Rui Barbosa tem abaixo-assinado contra extinção
"É mais um ataque à cultura", diz a historiadora Rosa Maria Araújo sobre projeto do governo de transformar instituição em museu
Mais de 90 mil pessoas, entre funcionários, alunos, ex-alunos, intelectuais e admiradores já se juntaram ao abaixo-assinado que tenta impedir a extinção da Fundação Casa de Rui Barbosa pelo Governo Federal.
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A ideia da proposta de Medida Provisória feita pelo Ministério da Cidadania e pela Secretaria de Cultura é transformar a Fundação em museu. Dessa forma, a instituição passaria a integrar a estrutura do Instituto Brasileiro de Museus.
A historiadora Rosa Maria Araújo, que trabalhou na Fundação por 18 anos, explica que toda a parte intelectual e de estudos acadêmicos da Casa de Rui Barbosa se perderia com a mudança. “O local virou uma Fundação em 1966, em plena Ditadura Militar. Ela tem um centro de pesquisa de alto nível acadêmico nas áreas de filologia, direito e história, além de promover estudos da obra do próprio Rui Barbosa. Caso se torne um museu, tudo isso se perderá”, alerta Araújo. “A cultura brasileira vem sendo desmantelada há alguns anos, mas parece que, agora, o Governo Federal persegue a nossa área. Eles esquecem de que a cultura é um dos pilares da economia”, analisa.
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Com cerca de 130 funcionários, a Fundação Casa de Rui Barbosa abriga, além da área de estudos acadêmicos, duas bibliotecas e um arquivo literário com originais de 130 escritores, como Carlos Drummond de Andrade, Manuel Bandeira, Vinícius de Moraes.
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“Letícia Dornelles, atual presidente da Fundação, não é da area acadêmica e, em janeiro, exonerou diretores do departamento de pesquisa. A área está à deriva, sem chefia. Dizem que ela sequer entrou nas salas em que trabalham os pesquisadores. Também há relatos de que ela censura posts nas redes sociais da instituição”, comenta Rosa Maria, que também foi diretora-executiva da Fundação Casa de Rui Barbosa por 5 anos. “Regina Duarte foi exonerada da secretaria de Cultura, mas deixou esse presente para a gente. Continuamos lutando pela cultura brasileira”, conclui a historiadora Rosa Maria Araújo.