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“A Polícia Civil está abandonada”, diz chefe após morte de agente

Guerra no Rio não será superada sem investimentos em inteligência, afirmou delegado

Por Redação VEJA RIO Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 13 jun 2018, 15h37 - Publicado em 13 jun 2018, 14h05
polícia civil
(Divulgação/Divulgação)

Um desabafo atribuído ao chefe da Delegacia de Combate às Drogas Felipe Curi chegou às páginas dos jornais nesta quarta (13). Chefe de Ellery Lemos, morto em operação na favela de Acari nesta semana, o delegado lembrou que o Rio hoje está em guerra, que a Polícia Civil está abandonada e que a situação não poderá ser superada sem maiores investimentos em inteligência.

As viaturas que parecem “sucatsa ambulantes”, os blindados com “gambiarras” que quebram em áreas de confronto e os obstáculos na obtenção de autorização judicial para escutas telefônicas e mandados de prisão foram alguns dos alvos de crítica por parte de Felipe. “Trabalhamos em condições mais que precárias. A Polícia Civil está abandonada e a cada dia percebem-se movimentos para retirar as suas atribuições. Não temos acesso às modernas ferramentas de inteligência”, resumiu o delegado.

“Enquanto acharem que segurança pública é feita somente com mais viatura, armamento, farda e policiamento ostensivo, a situação só irá piorar. Somente a polícia judiciária é capaz de atingir as grandes organizações criminosas”, defendeu o agente. Ele afirmou não conhecer nenhum outro local do mundo com mais de 60 mil armas de grosso calibre que seja considerado em situação de paz e foi cirúrgico em seu diagnóstico: “Realmente estamos em guerra e alguns hipócritas não assumem”.

As críticas de Felipe não se limitaram ao Governo do Estado. Em um trecho do desabafo, ele atacou a postura da Anistia Internacional e outras instâncias relacionadas à defesa dos direitos humanos por não se mobilizarem pelo esclarecimento do assassinato de seus colegas da mesma forma que em outros casos. “Parte da mídia, também hipócrita, não vai cobrar a solução da sua morte, fazendo uma contagem do tempo, conforme assistimos diariamente há três meses nos noticiários”, escreveu o delegado, numa clara alusão às mortes da vereadora Marielle Franco e seu motorista Anderson Gomes. Ambos foram vítimas de uma emboscada no Estácio e o caso foi um dos maiores ataques do crime organizado ao poder constituído no país em anos, por vitimar uma representante do Estado eleita pelo povo.

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“Lemos era um policial diferenciado. Extremamente inteligente e operacional”, escreveu Felipe. “Sua morte não será em vão. Apesar de todas as dificuldades e carências, a Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro tem o dom de se reinventar”, complementou.

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