Novíssima MPB: jornalista carioca lança livro com campanha de financiamento
Marcelo Monteiro faz um retrato da cena musical brasileira entre os anos 2010 e 2020, com perfis, fotos e entrevistas com figuras da indústria

Com a facilidade para se gravar e lançar música, a partir da década passada o cenário brasileiro recebeu uma infinidade de lançamentos. O jornalista Marcelo Monteiro encarou a tarefa de mergulhar nesse oceano e pinçar nomes que se destacaram no livro Avalanche: A Revolução do Streaming (2010-2020), que está em campanha de financiamento coletivo.
Com 400 páginas, a publicação mapeia os melhores lançamentos da música contemporânea brasileira e os impactos da revolução digital na indústria fonográfica, com 51 perfis dos principais nomes da cena — entre eles Céu, Criolo, Emicida e Luedji Luna —, 200 fotos de bastidores, shows e capas de disco e 31 entrevistas com figuras importantes da indústria, entre músicos, curadores, produtores e jornalistas, refletindo sobre a nova cena independente, o circuito efervescente de festivais, desafios e oportunidades, além de análises sobre o crescimento da indústria pós-streaming, com pesquisas e gráficos.
+ Novíssima MPB: jornalista carioca lança livro com ação de financiamento
Para chegar à lista, Monteiro levou em conta uma combinação de fatores. “Meus critérios iniciais foram impacto, relevância, representatividade na cena contemporânea e peso dentro do gênero musical. Procurei equilibrar ao máximo espaço para rock, rap, nova MPB, afrogrooves, synth-pop, rock-eletrônico, instrumental, e, inevitavelmente, gosto particular”, conta ele a VEJA RIO.
Ele também adotou uma tática de Pena Schmidt, produtor musical e ex-diretor musical do Centro Cultural São Paulo, que assina o prefácio da obra: os artistas selecionados foram os que mais frequentaram as listas de melhores do ano, feitas principalmente em sites e blogs de música.
E Monteiro encontrou uma forma de não cometer muitas injustiças na hora de selecionar os nomes que figurariam no livro. “Percebi logo que poderia ir facilmente até um top 100 e resolvi indicar para cada artista mais cinco em um ‘para ouvir mais’. Cheguei, assim, a uma marca surreal de 306 artistas citados no livro: os 51 com perfis, mais 255 artistas recomendados”, explica.
Durante a realização do trabalho, ele chegou à conclusão de que o conceito de uma carreira musical bem-sucedida mudou muito nos últimos anos. “Fazer sucesso hoje não é necessariamente fechar com uma major (grande gravadora). Muitos artistas conseguem se manter, produzir e circular os festivais de forma independente, desde a criação do álbum, até gravação, divulgação e shows”, enumera.
Se, por um lado, essa mudança sobrecarrega os artistas, por outro, aumenta a chance de sobrevida em um mercado que já foi para poucos. “É tudo, talvez, muito mais batalhado, como diz a Letícia Novaes (Letrux) no livro. Os músicos viraram ‘artista-polvo’, compõem, gravam, lançam, divulgam, marcam shows, planejam turnês, lojinha, site, redes sociais, é muito trabalho (que antes era feito pelas gravadoras, por um custo alto, claro). Mas as chances de chegar hoje ao terceiro, quatro, quinto discos e sobrevier circulando o Brasil inteiro em um novo circuito efervescente de festivais de médio porte é muito maior”, observa Marcelo Monteiro.
O financiamento coletivo de Avalanche: A Revolução do Streaming (2010-2020) vai até dia 22 de julho neste link.
+ Para receber VEJA RIO em casa, clique aqui