Há pouco mais de sessenta anos, a pianista Clara Sverner fazia sua estreia no Rio, justamente no palco do Theatro Municipal, o mais imponente da cidade, sob a regência de Eleazar de Carvalho — falecido em 1996, ele era o diretor artístico e maestro oficial de lá. Foi naquela oportunidade que, pela primeira vez, aconteceu, no Brasil, uma audição do Concerto para Piano e Orquestra de Aram Katchkaturian. A instrumentista tinha acabado de completar 18 anos de idade, e mostrou-se ousada ao interpretar, ao lado da Orquestra Sinfônica Brasileira (que, aliás, tinha sido fundada na década anterior), a dificílima e pouco conhecida peça musical, composta pelo russo em ré maior, com duração de 34 minutos. Hoje aos 78 anos, Clara continua revelando-se antenada: no dia 6 de março, vai apresentar, na recém-reformada Sala Cecilia Meireles, na Lapa, o “concerto visual” Sinestesia, que junta obras de, por exemplo, Villa-Lobos e Alexander Scriabin, com direito, veja só, a projeções em 3D elaboradas pelo artista gráfico Muti Randolph, seu filho. Além dos clássicos, ela devotou parte de sua carreira aos compositores populares, a maioria deles carioca, como o saxofonista Pixinguinha e sua colega de teclas Chiquinha Gonzaga. Curiosidade: repare, no programa de 1954, que o horário da Série Concertos para a Juventude Escolar já era dominical, e diurno, como ainda se dá atualmente.