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Por Vanessa Aragão, pesquisadora e instrutora de meditação
Criadora do projeto Meditante Urbana
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Os meninos da Tailândia e a nossa humanidade

A meditação pode regular e fortalecer a empatia

Por Vanessa Aragão Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 13 jul 2018, 18h27 - Publicado em 13 jul 2018, 18h24

O seu sofrimento é diferente do meu ou de um homem na Ásia, na América ou na Rússia? As circunstâncias, os incidentes podem variar, mas em essência o sofrimento de outro homem é o mesmo que o meu e o seu, não é? O problema é exatamente este: não percebemos que somos todos uma humanidade , capturados em diferentes esferas da vida, em diferentes áreas. Entender esse sofrimento – que não é seu nem meu – que não é impessoal nem abstrato, mas real, e que todos nós sentimos – requer muito insight. Por isso, acredito que a meditação é o florescimento da bondade.

Nas últimas semanas, estive com um olho no futebol e outro no resgate dos meninos. Era uma mistura de memes do Neymar, infográficos da caverna, gritos dos torcedores do bar embaixo da minha casa e telefonemas da minha irmã para me contar sobre o técnico do time de futebol, que já foi monge. A mente é assim mesmo: ágil e desconhecida. Superamos os 384.400 quilômetros que nos separam da Lua, subimos nos cumes mais altos e mergulhamos nos abismos mais profundos. Nada deteve nosso ímpeto de explorar, descobrir, saber.

No entanto, nossa mente, algo tão intrínseco a nós, permanece desconhecida. E quando acontece uma situação limite como essa, uau, lembramos dela. Eu acredito que as pessoas não usam a mente de maneira errada. Elas simplesmente não a utilizam. É a mente quem dita as regras. Em geral, você acredita que é a sua mente, e esse é o engano. O Swami Dayananda (para quem não leu, leia qualquer livro dele urgentemente) costumava dizer que não é o rabo que abana o cachorro…

A prática da meditação ativa o Sistema Nervoso Parassimpático (SNP) de diversas formas, tira a atenção de assuntos estressantes e traz um estado de consciência para o corpo. Porém somente a regularidade, a meditação de todo dia, mesmo que por 1 minuto, estimula o SNP. Mas e daí o SNP? Imagine um carro. Agora lembre do freio e do acelerador. O freio é o SNP. É claro que ninguém precisa se encher de eletrodos para sentir e entender os benefícios da meditação, no entanto umas explicações da neurociência sempre caem bem.

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Quando a meditação se torna um hábito, conseguimos aumentar a massa cinzenta no hipocampo e no córtex pré-frontal e melhoramos as funções psicológicas associadas com essas regiões como a atenção, a compaixão e a empatia, além de diminuir o cortisol que está relacionado com o estresse. Costumo dizer aos meus alunos que eles precisam se familiarizar com os padrões de pensamentos assim como conhecem seus padrões corporais. Afinal, você sabe o que fazer ou evitar quando está resfriado ou com dor de cabeça, certo?

Gosto de pensar que esse rapaz um dia entrou num monastério e fez seus votos de refúgio seguindo intuitivamente os planos secretos do Cosmos para treina-lo sobre a mente humana. Salve Buda. Salve esse cara. Salve os meninos que mergulharam no inconsciente e enfrentaram tudo e mais um pouco. Salve o dia que eu fiz meu voto de refúgio no Monastério Kopan, no Himalaia. Salve o interesse pela prática de meditação. Salve todos os livros. Salve tudo mais que ainda vem. E principalmente, salve para que isso não seja mais uma moda passageira.

Vanessa Aragão é instrutora de meditação, com formação no monastério Kopan, no Nepal. É criadora do projeto @meditanteurbana,  com aulas às segundas na Academia da Ahlma, no Leblon, e às terças e sextas no Espaço Dharma, na Barra.

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