Abram alas: vem aí o carnaval virtual
Editais para a folia abrem oportunidade para os profissionais do setor e vão brindar o público com oficinas, documentários e apresentações musicais
Tem luz no fim do túnel para o povo do carnaval. E é preciso celebrar o esforço dos gestores públicos que se viraram para ajudar o segmento em momento tão difícil. Enquanto não podemos fazer festa nas ruas, vamos fazer festa na web. Dois editais vieram dar um alento aos profissionais dessa cadeia produtiva parada há tanto tempo. São músicos, ritmistas, aderecistas, costureiras, ambulantes e fornecedores de diversos outros serviços que não puderam trabalhar em 2021 por conta do cancelamento do carnaval em função da pandemia da Covid-19.
O edital da Secretaria Estadual de Cultura e Economia Criativa, #CarnavalnasRedes, foi lançado primeiro e já está em fase de conclusão de habilitação dos participantes. Com um orçamento de R$ 4,3 milhões, vai financiar apresentações e projetos com transmissão pela internet, com o objetivo de fomentar a atividade cultural do setor e estimular sua cadeia produtiva, gerando renda para os profissionais da área. Esse edital foi dividido em duas chamadas públicas #NãoDeixeOSambaMorrer e #BlocoNasRedes, o primeiro para as escolas de samba e o segundo para os blocos de rua. Essa construção do edital foi importante já são duas manifestações culturais com características bem distintas. Assim, ambos os segmentos serão beneficiados.
“O cancelamento dos desfiles foi uma lástima, mas algo necessário para evitarmos um agravamento da pandemia. Blocos e escolas de samba fizeram sua parte e agora temos a responsabilidade de ajudá-los a manterem atividades virtuais, que os foliões vão amar, e assim já contribuir com os preparativos do carnaval do ano que vem. Estamos realizando o processo com total transparência e participação democrática dos grupos envolvidos na atividade carnavalesca, tão vital para a cultura e a economia do estado”, afirmou a Secretária de Estado de Cultura e Economia Criativa, Danielle Barros, por ocasião do lançamento.
Já na esfera do município, a Secretaria de Cultura lançou recentemente o edital Cultura do Carnaval Carioca, que tem inscrições abertas até o dia 1 de julho. Serão 3 milhões para grupos representativos do carnaval de rua, podendo se inscrever blocos, afoxés, bandas, grupo de bate-bola, fanfarras ou qualquer outro que se encaixe em manifestação carnavalesca, exceto escolas de samba. Serão beneficiados 125 grupos e o edital está bem fácil de participar, podendo participar pessoa física ou jurídica, em uma das seguintes linhas: Origens, em que pode ser feito um vídeo com perfil de minidocumentário sobre a história do grupo ou um projeto de registro de memória; Som: faixa musical finalizada, com uma composição original/inédita ou um arranjo para uma composição tradicionalmente executada no carnaval; e Estética, em que os grupos deverão confeccionar uma fantasia ou adereço original.
“Na elaboração do edital, fizemos consulta pública, dialogamos com o Conselho Municipal de Cultura, especialistas e associações. Esse incentivo cumpre um papel tanto de fomento aos representantes da cultura carnavalesca, como uma forma de reparo pelo impacto da pandemia que atingiu os grupos responsáveis pela consolidação do carnaval de rua carioca”, destacou o secretário de Cultura, Marcus Faustini.
Paralelo a tudo isso, corre na Câmara dos Vereadores a tentativa de colocar em votação o projeto de lei que institui o Marco Civil do Carnaval, conquista importante para os blocos e organizadores, pois transforma as decisões sobre a festa em política de estado e não de governo, salvaguardando as manifestações carnavalescas de decisões intempestivas de governos avessos à folia de Momo e à felicidade. Se tudo der certo, nas próximas semana teremos a votação do PL e o Rio de Janeiro terá seu Marco Civil, a exemplo de cidades como Salvador, Recife e Olinda, reconhecidas por seus carnavais.
Daqui, aguardamos os próximos capítulos de tudo isso, para quem sabe, na próxima semana, anunciarmos as boas novas tanto das apresentações que as ligas de blocos nos proporcionarão, quanto em relação ao desenrolar do PL 556/2017 de autoria do vereador Reimont, que tramita há cinco anos para a sua aprovação.
Evoé!
Rita Fernandes é jornalista, pesquisadora de cultura e carnaval e presidente da Sebastiana.