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Por Fabio Szwarcwald, colecionador de arte e gestor cultural
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Frequência de público em museus cariocas surpreende no pós-quarentena

As pessoas precisam dos museus tanto quanto das escolas, dos hospitais e de outras estruturas que as legitimam. Mantê-los abertos é uma forma de cuidado.

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Atualizado em 10 nov 2020, 22h06 - Publicado em 4 nov 2020, 17h39

Com a flexibilização da quarentena, os museus, espaços culturais e galerias do Rio voltaram a funcionar, iniciando o processo de retomada do setor. Monitoramento de público, aferição de temperatura, visitas agendadas, distanciamento orientado, uso obrigatório de máscara, totens de álcool e tapetes sanitizantes são parte dos protocolos vigentes que promovem os cuidados sanitários devidos.

Dadas as circunstâncias, a expectativa inicial era de baixa frequência. Pelo medo de sair de casa, pelo risco da retomada do contato presencial com outras pessoas e pela especulação de uma experiência que se tornaria mais restritiva nos espaços expositivos. No entanto, o que se vê no Museu de Arte Moderna do Rio é justamente o contrário: o público cresce a cada semana (sem exceder a circulação segura prevista pelo protocolo, cabe frisar). Desde a reabertura, no dia 12 de setembro, mais de 7.500 pessoas já visitaram o MAM. Em conversas com dirigentes de outras instituições, venho constatando a mesma curva ascendente.

Resolvi fazer uma “pesquisa de campo” informal, conversando com as pessoas que visitam o museu, e alguns fatores se repetem nas narrativas. Em primeiro lugar, há uma sensação de segurança unânime oferecida pelas medidas sanitárias adotadas pela instituição. Alguns visitantes que abordei eram da área de saúde e se disseram muito bem impressionados com o protocolo. Outro ponto ressaltado é a escala monumental do prédio, que garante uma circulação sempre arejada. A área externa, um atrativo muito bem-vindo nesses tempos, é também celebrada pelo público.

Mas o argumento mais recorrente (e o mais bonito) é o bem-estar gerado pela retomada do contato presencial com a arte. É o ganho emocional da fruição. A materialidade das obras evoca uma experiência subjetiva capaz de movimentar as intensidades oprimidas ao longo da quarentena.

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Em visita recente ao MAM Rio, uma médica me disse que considera fundamental a retomada desses espaços. Ela, que trabalha em hospital público, argumentou que tanto tempo de confinamento leva à depressão e que o aumento desses casos tem sido expressivo em seus plantões. A doutora defende a tese de que o contato com a arte ajuda a sublimar a angústia da pandemia e expande o olhar para horizontes mais libertadores.

Eu acredito vivamente nisso. Na arte como potência transformadora, que desperta sentidos, provoca visão crítica, derruba certezas e oferece novas perspectivas. É por essa razão que, mesmo diante da ausência de políticas públicas e de um cenário ímpar de crise, que aponta para aridez de captação junto à iniciativa privada, o MAM Rio viabilizou a entrada gratuita adotando o modelo de contribuição sugerida. É preciso dar acesso. As pessoas precisam dos museus tanto quanto das escolas, dos hospitais e de outras estruturas que as legitimam. Manter os museus abertos é uma forma de cuidado.

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