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Psiquiatra infantil
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Um ano de pandemia: como explicar a morte para as crianças?

Como explicar para crianças e adolescentes a perda de alguém que se ama

Por Fabio Barbirato
Atualizado em 14 abr 2021, 20h32 - Publicado em 14 abr 2021, 15h51

À beira de 400 mil óbitos, a morte se tornou um assunto frequente, quase banal, na sociedade brasileira. E por mais que se tente poupar as crianças das vertentes mais dolorosas da pandemia, os assuntos acabam chegando a eles, seja pelo comentário de um amiguinho, seja pelo atravessamento de uma notícia capturada na TV. A contaminação, a internação ou mesmo a morte de parentes perdeu o caráter excepcional na vida dos pequenos e se tornou uma realidade. É um assunto que, volta e meia, aparece em consultório e em casa, como me relatam os pais. Sendo assim, como explicar para crianças e adolescentes a perda de alguém que se ama? 

Para crianças até três anos, a morte é entendida como uma mera ausência. Já entre os três e os cinco anos, a criança tem alguma capacidade de assimilar a perda, porém enredada por aspectos da sua própria imaginação. É normal nesta idade supor que a pessoa que morreu está apenas dormindo e que ela voltará a qualquer momento. Apenas dos seis anos em diante é que a morte ganha mais clareza, entendida como algo irreversível e inexorável. 

Portanto, a morte deve ser tratada com as crianças de forma sincera e clara. Todo o processo fica menos nebuloso se a criança entender que a morte é parte inevitável da vida. Tal comportamento deve ser exercido até mesmo com as crianças menores, que possuem um raciocínio mais concreto. O assunto pode ser introduzido por meio de livros (há vários no mercado voltado para crianças), desenhos ou filmes, como “Rei Leão” ou o recém-lançado “Soul” (que não é uma produção infantil, mas pode ajudar a contextualizar os mais velhos).

O importante é que os pais não tentem apaziguar a história quando algum personagem da ficção morre, mesmo que seja um animal de estimação. É essa postura que criará o sentimento de resiliência nos pequenos, para que eles tenham a habilidade de conviver com o sofrimento que virá quando ocorrer uma perda de fato relevante para eles. O luto deve ser sentido em família, respeitando a intensidade e a complexidade que a cercam. É a vivência do luto que possibilita que a dor da perda seja curada. Esconder a tristeza da criança é como mandar um sinal que há algo de errado com aquele sentimento.

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A presença de crianças em funerais é uma decisão que cabe exclusivamente aos pais ou responsáveis. Porém, é fato que o velório concretiza a percepção da morte e ritualiza o momento de despedida, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria.

Reforce com a criança a ideia de que o ente querido não está mais presente materialmente, mas estará sempre junto, toda a vez que a criança pensar ou se lembrar daquela pessoa. É saudável que a lembrança do ente falecido seja mantida viva.

Fabio Barbirato é psiquiatra pela ABP/CFM  e responsável pelo Setor de Psiquiatria Infantil do Serviço de Psiquiatria da Santa Casa do Rio. Como professor, dá aulas na Pós Graduação em Medicina e Psicologia da PUC-Rio. É autor dos livros “A mente do seu filho” e “O menino que nunca sorriu & outras histórias”. Foi um dos apresentadores do quadro “Eu amo quem sou”, sobre bullying, no “Fantástico” (TV Globo).

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