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Psiquiatra infantil
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Um segundo semestre de emoções

Ansiedade pode dominar crianças e jovens com a perspectiva de retomada das aulas presenciais em tempo integral

Por Fabio Barbirato
Atualizado em 28 jun 2021, 17h57 - Publicado em 28 jun 2021, 15h42

O filho de uma amiga está para começar agora, no segundo semestre, o quarto período da faculdade. Detalhe: ele ainda não teve a oportunidade de frequentar o campus da universidade – um dos momentos mais gostosos desta fase da vida. A pandemia chegou em março de 2020 e o obrigou a fazer os três primeiros semestres do curso em casa, sem aulas presenciais, sem convívio com novos amigos, sem a interação que marcam a vida acadêmica.

Agora, com professores vacinados e a imunização andando cada vez mais veloz no Rio, é possível prever que os jovens, finalmente, terão de volta a rotina que os foi sonegada pelo coronavírus, com a volta às aulas presenciais em tempo integral. O que a princípio pode parecer apenas um grande alívio, traz outras implicações: como dar conta da ansiedade inevitável deste momento? E mais: como saber o que é uma ansiedade produtiva e o que é um quadro que requer ajuda médica?

Uma ansiedade pode ser considerada normal quando é de curta duração, autolimitada e relacionada a algum estímulo do momento. Até um certo ponto, a ansiedade pode melhorar a adaptação a um novo estímulo. Mas ultrapassado este ponto, quanto mais ansioso, menos adaptada a pessoa está. O que determina se um quadro de ansiedade é patológica são quatro fatores: a intensidade, o tempo de permanência, o grau de inabilidade social e o prejuízo à vida funcional da criança ou do jovem.

E como diferenciar medos normais de gatilhos de ansiedade? A partir dos seis anos, são considerados medos normais eventos como trovões e fenômenos naturais, a performance escolar e assuntos como morte. Já na adolescência, é normal que o desempenho acadêmico e o desafio de novas experiências sejam fatores que tragam um medo natural.

A prevalência do transtorno de ansiedade é de 10%, mas muitas vezes não é identificado ou diagnosticado corretamente. A idade média para o seu aparecimento é entre os 7 e 15 anos. A maioria dos transtornos de ansiedade em adultos tiveram início ainda na infância.

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Os sintomas da ansiedade estão alicerçados num tripé: sensações físicas, comportamentais e pensamentos. Entre os sintomas físicos mais comuns estão tensão muscular, palpitação, dor abdominal, náusea, rubor facial, dor de cabeça e transpiração excessiva. As características comportamentais do quadro de ansiedade são tentativas de fuga e de evitar o que causa desconforto, birra e recusa escolar. No que tange os pensamentos, os mais frequentes são a tendência à catastrofização (esperando sempre pelo pior) e a superestimação, sofrendo por imaginar sempre as coisas fora da proporção real que elas têm.

Entre as barreiras mais frequentes que impedem os pais de buscarem ajuda para seus filhos em relação a questões de saúde mental estão a falta de conhecimento ou compreensão do que está se passando ou circunstâncias familiares, como falta de tempo, por exemplo. Portanto, na volta às aulas neste próximo semestre, fique atento ao comportamento do seu filho. Veja como ele reage aos novos estímulos que se apresentarão e, se notar alguma diferença significativa, procure ajuda especializada.

Fabio Barbirato é psiquiatra pela ABP/CFM  e responsável pelo Setor de Psiquiatria Infantil do Serviço de Psiquiatria da Santa Casa do Rio. Como professor, dá aulas na Pós Graduação em Medicina e Psicologia da PUC-Rio. É autor dos livros “A mente do seu filho” e “O menino que nunca sorriu & outras histórias”. Foi um dos apresentadores do quadro “Eu amo quem sou”, sobre bullying, no “Fantástico” (TV Globo).

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