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Por Fabiano M. Serfaty, clínico-geral e endocrinologista, MD, MSc e PhD.
Saúde, Prevenção, Tratamento, Qualidade de vida, Bem-estar, Tecnologia, Inovação médica e inteligência artificial com base em evidências científicas.
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É possível prevenir a doença de Alzheimer?

Sem dúvida é um grande desafio, mas veremos que muito pode ser feito. Temos boas notícias. Confira!

Por Mauricio Wajngarten
Atualizado em 2 jun 2017, 17h59 - Publicado em 2 jun 2017, 17h57

Muitos têm medo de sofrer da doença de Alzheimer. Quantas vezes não conseguimos lembrar de um nome, de um fato, de uma data?! Quase todos nós testemunhamos ou conhecemos as consequências desta doença. Lembram-se dos emocionantes filmes “Memórias de uma Paixão”  ou  “O Filho da Noiva”?

Por isso mesmo, um inquérito da Alzheimer`s Disease International estima que 68% das pessoas tem receio de desenvolvê-la. Claro, frequentemente, surgem perguntas sobre o que pode ser feito para evitar a “doença do alemão”. Sem dúvida é um grande desafio, mas veremos que muito pode ser feito. Temos boas notícias.

O que são transtornos cognitivos?

A doença de Alzheimer é um distúrbio da cognição. Em resumo, cognição se refere a atividades mentais como ver, atender, lembrar e resolver problemas. Portanto, evitar transtornos da cognição é importante para manter a nossa participação social e laboral. Os transtornos podem ser leves e severos.

Deficiência Cognitiva Leve altera a capacidade de pensar e causa prejuízos, por exemplo, para a memória, mas não tem intensidade que prejudique a nossa rotina.

Os transtornos severos definem as Demências, dentre as quais destaca-se a Doença de Alzheimer. Promovem mais do que a simples perda da memória. Causam prejuízo às atividades cotidianas. Afetam linguagem, compreensão, leitura, escrita, cálculo, julgamento, planejamento sequencial, capacidade de vestir-se e reconhecer objetos, podem alterar, ainda, personalidade e comportamento.

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  • Boa notícia

Embora as deficiências leves possam progredir, frequentemente são reversíveis ou estáveis. Ainda vale lembrar que o estresse e a depressão, tão comuns hoje, podem influenciar na atenção e na memória sem significar início de demência.  Além disso, doenças infecciosas, tireoidianas, renais e hepáticas, alterações dos níveis sanguíneos de sódio e efeitos de medicamentos e drogas podem provocar transtornos cognitivos de variadas intensidades, mas frequentemente são controláveis ou curáveis.

Summary of the evidence on modifiable risk factors for cognitive
decline and dementia: A population-based perspective (M. Baumgart et al. / Alzheimer’s & Dementia/Reprodução)

Quais são as causas das demências?

As Demências podem, além das doenças já comentadas, ter causas degenerativas, traumáticas e vasculares. 

Entre as degenerativas, a Doença de Alzheimer é mais comum e ocorre principalmente entre pessoas acima de 65 anos. Não se sabe por que ela ocorre, mas são conhecidas algumas lesões cerebrais características. Fatores genéticos têm um papel importante e o risco de contraí-la é maior para quem tem parentes próximos com o diagnóstico da doença.

Traumatismos cranianos moderados ou graves aumentam o risco da Doença de Alzheimer. A maioria deles são devido a acidentes automobilísticos. Atletas que sofrem pancadas repetidas durante as atividades esportivas também apresentam risco elevado, como mostra o filme “Concussion” (Um Homem entre Gigantes).

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As causas vasculares vêm ganhando importância. A integridade e o bom funcionamento do cérebro dependem das artérias e do coração. O exemplo mais escancarado é o acidente vascular cerebral ou derrame. O mais comum é o derrame provocado pela obstrução de uma artéria que irriga o cérebro que compromete o órgão. Essa obstrução pode ser desencadeada por uma placa de gordura da parede da artéria ou por um coágulo que se desprende do coração e viaja até obstruir uma artéria.

Estima-se que entre pacientes que sofrem um derrame, 20% desenvolvem demência.

Além das obstruções das grandes artérias, diminuições da irrigação podem ser causadas por alterações em pequenos ramos das artérias cerebrais promovidas principalmente pela pressão alta. Essa irrigação também pode ser afetada por doenças que comprometem a capacidade de bombeamento do coração. Nessa situação encontram-se nos exames de imagem lesões cerebrais, em geral pequenas e silenciosas, que são associadas ao desenvolvimento de transtornos cognitivos.

Cabe destacar que a relação entre as doenças vasculares e a Doença de Alzheimer é mais intensa do que parecia no passado. Cada vez mais acredita-se que frequentemente elas coexistem e até mesmo somem efeitos.

Tratamento

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Evidentemente depende da causa. Para as demências degenerativas –  como a de Alzheimer – existem medicamentos cujos resultados, infelizmente, são modestos e que apresentam potenciais efeitos colaterais. Programas de treinamento neuropsicológico podem trazer alguns benefícios.

A prevenção ganha, portanto, grande relevância. Nesse sentido, muita coisa pode ser feita.

Como prevenir

Obviamente, o diagnóstico do quadro e das causas devem ser corretos. Isso depende de boa avaliação clínica e adequada, além de interpretação de exames, já que, como dito anteriormente, existem causas controláveis e até curáveis. Testes neuropsicológicos permitem a análise dos vários aspectos da cognição.

A prevenção da Doença de Alzheimer tem como primeira recomendação cuidar dos vasos e do coração, devido a relação entre elas. Portanto, é importante controlar os fatores de risco. Embora nunca seja tarde demais para esse controle, tudo sugere que quanto mais cedo, melhor, principalmente, o controle da pressão alta.

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A Alzheimer`s Disease International recomenda cinco medidas para reduzir o risco da Doença: cuidar do coração, praticar atividade física, ter uma dieta saudável, “desafiar” a mente com atividades intelectuais e participar de atividades sociais.

  • Boa notícia

Cuide das artérias e do coração que o cérebro vai agradecer.

Felizmente, a Doença de Alzheimer tem frequência menor do que 5% entre as pessoas mais jovens. Por outro lado, a relação entre a Doença de Alzheimer e as doenças cardiovasculares oferece a oportunidade de preveni-la, em algum grau, através dos cuidados com artérias e coração.

Esperanças no controle da demência

Várias pesquisas sugerem que a incidência e a prevalência de demência estão em declínio nos Estados Unidos, apesar do envelhecimento da população.

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Um estudo mostrou que entre 2000 e 2012 houve uma diminuição de 18% na probabilidade de ter demência. Essa redução ocorreu paralelamente a um paradoxal aumento das taxas de obesidade, diabetes, hipertensão e presença de doença cardiovascular.  Chamou atenção o fato de a pesquisa ter constatado que nesse período a população teve um aumento nos anos de estudo. Esse resultado reforça a ideia de que mais educação pode ter efeito protetor contra as demências.

Acredita-se que pessoas com alta escolaridade e maior atividade intelectual tendem a retardar o desenvolvimento dos sintomas de demências.

De fato, o crescimento da frequência de casos de demência é menor nos países ricos, com melhor estrutura educacional do que nos países de renda baixa e média.

Summary of the evidence on modifiable risk factors for cognitive decline and dementia: A population-based perspective (M. Baumgart et al. / Alzheimer’s & Dementia/Reprodução)
  • Boa notícia

Pessoas mais educadas e melhor informadas podem cuidar melhor da própria saúde e evitar doenças. Podemos, sim, ter esperanças para atenuar o impacto das demências e enfrentar o desafio da prevenção da temida “Doença do Alemão”. Sem dúvida, uma grande notícia!

(Arquivo pessoal/Reprodução)

Mauricio Wajngarten é Professor Livre Docente em Cardiologia pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

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