Coronavírus: egoísmo ou solidariedade?
Faço um apelo às marcas que apoiam projetos artísticos: não é hora de retirarem verbas. É hora de transformarem a teoria dos discursos em ações efetivas
Não tá fácil pra ninguém e isso é um consenso. Mas como escrevi em minha coluna publicada na última quarta neste espaço, afirmar que estamos no mesmo barco ao enfrentarmos essa pandemia é não compreender a realidade brasileira. Ou para usar um eufemismo, ser leviano e/ou oportunista.
Sabemos que não podemos contar com a lucidez do homem que ocupa o mais alto cargo público deste país nem de seus ministros – a esta altura isso também já é consenso –, porém diante do cenário de crise que se instalou o governo brasileiro tem sido pressionado intensamente, pela opinião pública e pela mídia, a agir para tentar amenizar os problemas econômicos causados pela pandemia. O debate sobre o papel do Estado cresceu e ações governamentais já estão saindo do papel. Vinte e quatro milhões de trabalhadores informais poderão ser beneficiados com a aprovação da renda básica emergencial no valor de R$ 600 durante três meses. Jair sugeriu uma ajuda de R$ 200 mas pressionado pela Câmara esse valor chegou a R$ 600. Não tem outro jeito, o Estado terá que abrir os cofres públicos.
Esperamos que outras medidas sejam aprovadas rapidamente para que os danos econômicos sejam minimizados e para que as pessoas consigam continuar se mantendo em isolamento social.
Apesar do governo pregar que esta é uma “escolha muito difícil”, sabemos que esta escolha passa longe da de Sofia (romance de William Styron publicado em 1979). É uma escolha objetiva: egoísmo ou solidariedade?
Eu escolho a solidariedade mas não aquela romantizada que fica na varanda batendo palmas e sim aquela que age e se coloca à disposição para contribuir com a diminuição das injustiças e desigualdades sociais. De acordo com um levantamento feito pela ONG Casa Fluminense, mais de 300 mil casas no Rio de Janeiro têm mais de três pessoas dividindo o mesmo quarto. E manter essas pessoas afastadas para evitar uma proliferação em massa do Coronavírus é dever de todos nós.
Abaixo, uma pequena lista com sugestões para ajudar quem mais precisa de ajuda nesta quarentena:
Doação para: Voz das Comunidades
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL
AG: 0198 // Conta Poupança: 25173-9 // Operação: 013
ONG VOZ DAS COMUNIDADES // CNPJ: 21.317.767/0001-19
E-mail: contato@vozdascomunidades.com.br // WhastApp: (21) 96463-2334
Campanha de doação de sabonetes para as favelas promovida pela FAFERJ e FAVELAÇÃO
TELEFONES: (21) 98268-8282 (Filipe) // (21) 96867-2284 (Paulo) // (21) 99113-8686 (Jaime Muniz)
Campanha para ajudar as favelas Babilônia e Chapéu Mangueira
CAIXA ECONÔMICA FEDERAL // Instituição: Revolusolar
AG: 0573 // Conta Corrente: 00001372-3
CNPJ: 23.960.208/0001-58
TELEFONE: (21) 99888-6649 (Valdinei) // (21) 97921-4486 (Adriano)
ONG Rio de Paz
ITAU // AG: 1185 // Conta Corrente: 44820-4
CNPJ: 09.551.891/0001-49
A Rocinha Resiste: saiba como ajudar através do WhatsApp (21) 97960-4495
Casa Amarela Providência
BANCO BRADESCO // AG: 0448 // Conta Corrente: 12520-2
CNPJ: 25.144.594/0001-35
Site: www.comoajudar.net
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Entre os vários exemplos de solidariedade que estamos lendo nos impressos, vendo na TV ou recebendo nos grupos de WhatsApp, há ainda gestos singelos como o publicado hoje na coluna do Ancelmo Gois d’O Globo. Uma dentista foi até a Praça São Salvador, em Laranjeiras, e espalhou garrafas com água mineral e sabão por todo o local para que moradores em situação de rua possam ter o mínimo de higiene. Simples e empático.
Por fim, faço um apelo a todas as marcas que apoiam festivais de música, artistas e projetos musicais: não é hora de promoverem nenhuma campanha que não seja a da solidariedade. Não é hora de se omitirem nem de retirarem verbas do mercado da música e dos projetos artísticos. É hora de transformar a teoria dos discursos em ações efetivas.