Baco Exu do Blues: uma das canetas mais afiadas do rap nacional
Rapper baiano fala sobre seu novo empreendimento, o selo 999
Diogo Moncorvo é preto, baiano e luta contra uma doença que mata uma pessoa a cada 40 segundos no mundo. Poucos hoje em dia o conhecem como Diogo. Já há alguns anos, ele assina como Baco Exu do Blues e desde seu segundo álbum, “Bluesman”, lançado em 2018, ele não passa batido em lugar algum.
Uma das canetas mais afiadas do rap nacional, Baco é daqueles artistas que eu gosto de entrevistar porque tem o que dizer. Tem o que dizer e diz sem rodeios. É homem preto e periférico que já entendeu que não precisa pedir licença para ocupar os lugares que sua ambição alcança.
Nesta quinta (23), a partir das dez da noite, ele é meu convidado no FARO, programa de rádio que apresento semanalmente na rede Nova Brasil FM. No veículo de comunicação mais popular do país (há mais aparelhos de rádio no Brasil do que domicílios), Baco fala sobre a luta que travou contra a depressão nos últimos anos. Estamos em setembro, mês de prevenção ao suicídio, e quis trazer pro rádio um artista bem sucedido e esclarecido para dar seu depoimento pessoal. O melhor jeito de prevenir é a informação.
Durante nossa conversa, o rapper conta também porquê decidiu voltar pra Salvador durante a pandemia e explica que usar sua criatividade em prol da produtividade ajudam-no a se manter firme em seus propósitos.
Pensa que acabou? A entrevista ainda destaca um dos atributos pouco conhecidos de Baco, o de empresário musical. Com o objetivo de jogar luz a artistas pretos e baianos, o rapper que assina Exu no nome artístico, se juntou ao produtor Leonardo Duque e criou o selo 999. A empresa gerencia a carreira de Celo Dut, Dactes, Suiky, Vírus Carinhoso e Young Piva – todos oriundos da periferia soteropolitana. “Cada um tem uma personalidade única e complementar para as características que queremos no selo. A 999 é um facilitador para jovens artistas negros se encontrarem”, explica Baco.
Crítico ao modelo de negócio que rege atualmente o ecossistema da música, Baco sabe que pra “mudar o game, precisa estar no game” e assim segue criando e surpreendendo a indústria e seus fãs. Após afirmar que lançaria no início do ano passado seu terceiro álbum de estúdio, o aguardado “Bacanal”, Baco recuou por conta das restrições impostas pela pandemia e em março de 2020 lançou o projeto “Não tem bacanal na quarentena”, com nove faixas sociológicas, políticas, cheias de ódio, tesão e arranjos autênticos.
Para este ano, Baco promete lançar mais uns singles porém antes de “Bacanal” virá ainda outro disco. O letramento racial do Baco só impressiona quem ainda não entendeu que essa geração veio pra mudar o mundo, né Jay Z?