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Por Daniela Alvarenga, médica, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia
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Onde fica a solidariedade em tempos de coronavírus?

Julgamentos, preconceitos e egoísmo não devem estar na lista de hábitos de higiene para prevenir a Covid-19

Por Daniela Alvarenga
Atualizado em 20 mar 2020, 14h56 - Publicado em 13 mar 2020, 20h20

É proibido tossir. Basta um engasgo normal e as pessoas ao redor já arregalam os olhos. Não importa se o que a pessoa tem é outro tipo de virose ou até uma simples rinite tão comum nessa época do ano. O pânico coletivo é a senha para os olhares preconceituosos. Não tenhamos tanto medo do coronavírus. Vamos respeitá-lo, sim.  Façamos cada um a nossa parte na prevenção; isso já está de bom tamanho. Julgar e ser preconceituoso não está no rol de atitudes de higiene às quais devemos aderir para prevenir o contágio pelo novo coronavírus.

Seguir as orientações de prevenção é obrigatório para evitar um estado de calamidade, como o que vimos na Itália e na China. A questão é realmente séria: merece muito atenção e todos os cuidados recomendados, mas isso não quer dizer que devemos aderir ao medo e ao pânico e entrar num estado paranoico como assistimos no Rio de Janeiro nos últimos dias. O pânico e o medo em excesso só contribuem para o caos e para atitudes que não consideram o outro.

Em momentos de crise, solidariedade e empatia são sentimentos que devem nortear as atitudes individuais para um bem estar coletivo. Comprar caixas e caixas de álcool gel reduzindo rapidamente estoques que poderiam servir a mais famílias não ajuda em nada; é apenas uma forma egoísta de acalmar um estado de paranoia individual. O álcool gel é um SOS, caso você não possa lavar as mãos com água e sabão.

Como para toda ação exagerada há reação exagerada, os fabricantes de álcool gel, em vez de manterem o preço considerando o pico nas vendas, aumentam o valor para poderem lucrar ainda mais com a histeria coletiva. Segundo o site JáCotei, que compara preços em sites brasileiros, o valor do frasco de álcool gel subiu 161% em menos de uma semana.

Onde está a ética quando  são roubadas de um hospital na França cerca de 2 mil máscaras, que seriam úteis para conter a epidemia e proteger o contágio dos que estão lá dentro? Onde está o bom senso dos fornecedores quando a Associação Nacional de Hospitais Privados apura que eles aumentaram em 569% o preço das máscaras cirúrgicas? Isso lembrando que Michael J. Ryan, diretor executivo do programa de saúde emergencial da Organização Mundial de Saúde, já disse que “lavar as mãos, manter as mãos longe do rosto e observar outras práticas de higiene” são a melhor forma de se proteger. Segundo ele, uma pessoa tem mais chances de se infectar ao tocar superfícies contaminadas do que por meio de gotículas no ar – e o ar também pode passar pelas bordas das máscaras, especialmente as cirúrgicas.

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Onde está a empatia na hora de questionar no grupo de WhatsApp de pais por que uma criança com nariz escorrendo foi para a escola? É preciso ter cuidado para não disseminar o preconceito também entre os pequenos. Vamos falar sobre isso em casa, mas sem sermos alarmistas, porque a paranoia de um adulto pode afetar crianças e adolescentes. Diante de tanta informação, os pequenos e os jovens podem fantasiar sobre o tema, ficarem ansiosos, com medo, e podem até segregar outras crianças.

Os principais veículos de comunicação do mundo e do Brasil – inclusive a VEJA e a VEJA Rio – estão divulgando orientações em seus sites sobre o vírus:  as formas de contágio, os meios de prevenção, os sintomas da doença, os procedimentos para quem teve contato com pessoas infectadas e para quem tem sintomas. Já existem mais de 150 artigos científicos publicados sobre o tema, já temos protótipos de vacinas em teste e estão em andamento 80 ensaios clínicos com antivirais para o tratamento dos que já estão doentes.

A hora agora é de ser consciente, colaborar com a prevenção individual e coletiva, orientar os pequenos, proteger os idosos e ser solidário. Juntos é que conseguiremos o êxito tão desejado. 

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